Cavacos das Caldas
CAVACOS DAS CALDAS II

DICIONÁRIO GRÁFICO BORDALIANO

alguns livros, cerâmicas, belos gatos e algo mais...



quarta-feira, 18 de abril de 2007

15.ª Página Caldense

CAVACOS DAS CALDAS
Caldas da Rainha, 15 de Julho de 1897 - N.º 24
Publicação semanal

[...]
"Nem menos de 5 negociantes turcos se acham temporariamente aqui estabelecidos, fazendo concorrência ao comércio e industria caldenses.

Esses comerciantes e industria lamentam-se, chorando-se pelos prejuízos que sofrem com aquela concorrência, e mais nada.

Quem é que diz lá que se unem para evitar os seus próprios males?

E tudo assim caminha nas Caldas. Nós já tivemos o supino atrevimento de lembrar um alvitre de reconhecido proveito, quando praticado. Mas hão-de ver que ninguém se mexe e por fim tudo se limitará a exclamar:

Gememos contribuições?
Dá-nos isso certo abalo?
Talvez não venham p'ro ano,
Nada de pressas, deixá-lo.

Também não nos cansamos mais. Para que sermos mais papistas que o próprio papa?"
[Páginas 7 e 8]
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O Sexteto do Maestro Gaspar

"Continua a abrilhantar os bailes do club, com aplauso geral. É variado e lindíssimo o seu reportório, como sempre magnificamente executado sob a regência do maestro Gaspar, um dos mais provados talentos musicais portugueses.

Os trechos de música que todas as noites o sexteto nos faz ouvir, têm todos a nota musical mais em evidência ou celebrada; nesse número compreenderemos excertos das mais aplaudidas zarzuelas que este inverno passado se cantaram em Lisboa e são adaptadas para sexteto pelo seu distinto regente.

Um bravo ao notável maestro Gaspar e ao seu sexteto e que lá de quando em quando, por entre a música selecta ou d'ópera sempre bem recebida, que não esqueça:

Solo, solo um pedacito
De música que sem audácia
Arranque a um certo compadre
Olé, que viva la gracia.

Os bailes do club não têm lá estado muito animados.

Abundância de senhoras e muitíssima falta de rapazes valsistas.

Durante o dia os nossos hospedes limitam-se a ter como distracções balneares de todos os dias, o mesmo parque, com os mesmos botes no lago e mais coisa nenhuma.

Isto vai muito bonito
Sério e requebrandinho
Vai tudo às mil maravilhas
As Caldas vai de carrinho.

E a D. Iniciativa
Muito e muito descansada
Três vezes nove vinte e sete
Já se vê noves fora nada.

Lá que as Caldas em progresso
Mostra ser um belo facho
Não há dúvida, mas em paga
A sua formosa estação
Ir-se-há p'la água abaixo."

[Páginas 10 e 11]

[Preço avulso: 20 Réis - Editor: Gomes d'Avellar - Impressão: Imprensa moderna Santos & Moreira - Campo de Santa Clara, 144/146 - Lisboa - N.º de Páginas: 16 numeradas + capa em papel de cor - Dimensão: 12,50 x 18,50 cms]

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[Cavacos das Caldas é publicado entre 1896 e 1898. José Gomes de Avelar, politico, jornalista e ceramista é o seu editor e proprietário. Assina com o nome de Belisário. A capa desta pequena brochura reproduz uma ilustração da autoria de Rafael Bordalo Pinheiro: Zé Povinho e José Gomes de Avelar em alegre cavaqueira.

Gomes de Avelar é o proprietário de uma fábrica de cerâmica, onde Bordalo faz as suas primeiras experiências com o barro caldense.]

1 comentário:

Luis Eme disse...

É sempre bom saber coisas sobre os "Cavacos das Caldas" (que felizmente não são parentes dos outros, mais lá para Sul...