Cavacos das Caldas
CAVACOS DAS CALDAS II

DICIONÁRIO GRÁFICO BORDALIANO

alguns livros, cerâmicas, belos gatos e algo mais...



quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

O Povinhorum Contribuintibus

Eis-nos chegados ao fim do ano de 2008.

Foram 365 dias vividos com a intensidade possível e um interesse moderado. Um ano de coisas boas e de outras más, apresentando um saldo a tender para o negativo.

Não resisto a recorrer a Rafael Bordalo Pinheiro que me ajudará a sintetizar a situação que hoje nos é dado viver
.


No início de um novo ano, o de 1883, Rafael desenha “Botânica Política – O Povinhorum Contribuintibus”.

Passo a descrever. Zé Povinho é uma árvore de raízes bem assentes na terra. Pelo tronco acima desliza um sem número de políticos, que se vão agarrando aqui e ali com o intuito de treparem por ali acima.

Juntamente com os políticos e seus aprendizes, alguns membros do clero. Não esquecendo os capitalistas. Tantos são e é tal o seu empenho, que o tronco vai secando, secando, de tanto ser sugado…

Em segundo plano e com a descrição devida, observam a situação um burguês acompanhado por um membro da realeza.

Nos extremos desta árvore empestada de parasitas, nuns ramos um tanto ou quanto débeis, florescem meia dúzia de folhas e algumas florecas.

Quando os parasitam lá chegarem, desaparecerão.

A legenda desta página é “Árvore que começa a rebentar e dará fructos se a limparem do phylloxera e outros parasitas”.

Esta imagem tem 125 anos. Tendo em atenção as devidas diferenças existentes entre a sociedade de 1883 e a actual, esta imagem mantém uma inquietante actualidade.

Mérito de Bordalo? A intemporalidade da caricatura? Infelicidade nossa?

“O Povinhorum Contribuintibus”, continua a existir: somos nós.

BOTANICA POLITICA

O Povinhorum Contribuintibus
[Publicado no dia 4 de Janeiro de 1883, n’O António Maria.]

sábado, 27 de dezembro de 2008

331.ª Página Caldense

OS SUCESSORES DE ZACUTO
O ALMANQUE NA BIBLIOTECA NACIONAL DO SÉCULO XV AO XXI
ALMANACH DE CARICATURAS PARA 1874
RAPHAEL BORDALLO PINHEIRO
[179]



ALMANACH DE CARICATURAS PARA 1875 -2.º ANNO
ALMANACH DE CARICATURAS PARA 1876 -3.º ANNO
RAPHAEL BORDALLO PINHEIRO
[179]
ALMANACH BIJOU 1881
BRINDE AOS CONSUMIDORES DA CASA HAVANEZA - PRAÇA DO LORETO, LISBOA
RAPHAEL BORDALLO PINHEIRO
[66]


[Os Sucesores de Zacuto. O Almanaque na Biblioteca Nacional do século XV ao XXI. Coordenação: Rosa Maria Galvão. Pesquisa, índices e revisão: Aurora Machado. Apresentação: João Luis Lisboa. Biblioteca Nacional. Bibliografias BN.1000 Exemplares. Edição: 2002, Lisboa. ISBN: 972-565-337-8.]

330.ª Página Caldense

GENTE RISONHA
Palavras sobre a caricatura e alguns caricaturistas do nosso tempo, no primeiro serão d'arte do Salão de Humoristas do Porto
NUNO SIMÕES
[...]
Carlos Parreira, um artista, que vosselencias mal conhecem, mas cuja prosa é dum maravilhoso lavor de outomnerias, conta não sei onde, este episódio do velho Egipto, das múmias e dos túmulos.

Mandára o senhor castigar o camponez que não pagou ou dizimos; a vergasta da palmeira escevêra hieroglifos de sangue na pelle do escravo. E o bronze da revolta, sob o açoite retesou-se; na sua face erecta passou um estremeçao de dôr que, reprimido um momento, foi sorriso e logo se tranfez em pantomina.

Devia ter nascido, assim, o humor.
Mais tarde, esculptando máscaras e máscaras, mudando a dôr em esgar ou da expressão mais séria truncando a sombra cómica, o humor criou Poncio Pilatos, Voltaire e Don Quixote e o Romantismo attribui-lhe as culpas de, nas tragédias anónimas, rasgar as calças, ao heroe, no quinto acto.

Depois o humor ter-se-hia modificado, e parece que entre nós, de favor em favor, não tardou que ao humor dessem um lugar na Academia - onde sinceramente a historia ia rinchando - uma carteira entre os dignos pares, onde, pelos óculos, pela calva luzidia e pelos ditos conspicuos, foram descobril-o limpando o suor do rosto - penhor immortal da sua dedicação patriótica.

O humor teria assim tido a sua mór expressão na calva do poder legislativo...

Os bons tempos do mestre Rafael Bordalo!

[Gente Risonha. Palavras sobre a caricatura e alguns carcaturistas do nosso tempo, no primeiro serão d'arte do Salão dos Humoristas do Porto. Autor: Nuno Simões. Livraria Clássica Editora de A. M. Teixeira. Praça dos Restauradores, 17. Ano de edição: 1915.]

Dicionário dos Autores de Banda Desenhada e Cartoon em Portugal

Catarina Cardoso enviou-me ma mensagem a perguntar-me que informações dispunha sobre “O Gafanhoto”.

Passo a responder, recorrendo ao ”Dicionário de Autores de Banda Desenhada e Cartoon em Portugal”, de Leonardo de Sá e António Dias de Deus.


Passo a transcrever da entrada relativa a:

BORDALLO PINHEIRO, Manuel Gustavo:

[…] “Teve extensa participação, com cartoons, ilustrações e histórias aos quadradinhos, em “A Paródia”, desde o começo, em 1930, continuando a publicação após a morte de Raphael, até 1907. Em Abril de 1903, aparecia o primeiro número da luxuosa revista infantil “O Gafanhoto”. Tinha como directores Henrique Lopes de Mendonça (autor da letra de “A Portuguesa”) e Thomaz Bordallo Pinheiro, respectivamente cunhado e irmão do grande Raphael. “O Gafanhoto” teve o primeiro herói (homónimo) dos quadradinhos infantis portugueses, desenhado por Manuel Gustavo. Todavia, a quase totalidade das ilustrações era de origem estrangeira. Exceptua-se, ainda, Francisco Valença, autor das capas, numa das quais figura um gafanhoto.

A revista acabou no número 24, em 1904. Em Janeiro de 1910, foi posto à venda o primeiro número da 2.ª. série de “O Gafanhoto”. Pode dizer-se que a preciosa revista tinha o destino ligado ao regime monárquico – sobreviveu-lhe apenas três meses, extinguindo-se no n.º 24, em Dezembro.” [pág. 25]

Por agora é tudo; é meu desejo que estas informações lhe sejam úteis.

Se descobrir mais elementos, transmitirei. Muito obrigada pelos votos de Boas Festas.Bom Ano Novo.

[Dicionário dos Autores de Banda Desenhada e Cartoon em Portugal. Leonardo de Sá e António Dias de Deus. Edições Época de Ouro. 1.ª Edição , Novembro de 1999. Tiragem: 2000 Exemplares. ISBN 972-98395-0-6]

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Poses Natalícias


A todos os amigos que me enviaram os seus votos de Boas Festas e de Feliz Ano Novo, em meu nome, Garfield agradece e retribui.

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Rafael Bordalo Pinheiro

Rafael Bordalo Pinheiro de Herculano Elias




É dia de Natal.

Nesta época da vida em que os anos passam quase sem se dar por isso, para mim, esta data perdeu parte do seu encanto.

Apesar dos presentes, das cores dos papéis e das fitas, das mil e uma luzes que brilham na cidade, das mesas postas e bem compostas, do conforto da presença da família, das mensagens dos amigos, não deixa de ser uma data sombreada por uma certa nostalgia.

Esqueceu-se a sua origem, uma data de celebração e vida: o nascimento de uma criança.

Seja-se ou não filho de deus – deveria ser sempre um dia de júbilo e de esperança.

Mas não é o que me é dado sentir.

Nos noticiários das televisões – preferencialmente decoradas a dourado – assistimos aos jantares servidos aos sem abrigo.

Consoadas de bacalhau e grelos servidos com fraternidade.

E nos restantes dias do ano, o que sucede? Não há sem abrigo, não há jantares ou não há reportagens sobre o assunto?

Mesmo no Natal, por vezes, também recebemos más notícias. Este ano é o enceramento da Fábrica Bordalo Pinheiro.

Sei bem que esta fábrica nada tem a ver com a que o Mestre funda em 1884: a Fábrica de Faianças das Caldas da Rainha, que após vicissitudes é arrematada em hasta pública por Godinho Leal, em 1908.

De qualquer modo a fábrica até hoje existente na Caldas, surge também em 1908 fundada por Manuel Gustavo Bordalo Pinheiro, podendo por isso ser considerada a herdeira dos saberes, dos genes e do espírito de Rafael Bordalo Pinheiro.

Por tudo isto não sei se gosto muito desta época; acho que este ano perdi completamente o espírito natalício.

Compensa esta tristeza a companhia da expressiva e bela escultura em cerâmica de Mestre Rafael Bordalo Pinheiro, modelada pelas mãos sábias e sensíveis de outro grande senhor da cerâmica caldense: Mestre Herculano Elias.

Os meus mais reconhecidos agradecimentos a Mestre Herculano Elias pela sua tão generosa e simbólica oferta.

Breve Reportagem de uma Noite Memorável

As boas vindas às Caldas da Rainha e ao Centro Cultural e de Congressos

A mesa e o discurso do Sr. Presidente da Câmara

A entrega pelo Presidente da Câmara Municipal das Caldas da Rainha, da Madalha de Ouro da Cidade ao Escritor António Lobo Antunes
Escritor medalhado

As andorinhas bordalianas: Partem, mas regressam todos os anos
As prendas: o lagarto, as andorinhas e o Zé Povinho
Zé Povinho no seu devido lugar
A fila para os autógrafos
Os autógrafos
A despedida: conversa a três.

Muito boa noite a todos.

Neste quase final de ano de 2008, em que a Loja 107 realiza, em colaboração com o CCC, este último Café Literário, permitam-me que as minhas primeiras palavras se dirijam à Direcção do Centro Cultural e de Congressos.

Em primeiro lugar para agradecer, publicamente, todo o apoio recebido sempre que me propus organizar ou dinamizar eventos relacionados com o livro e a sua divulgação; em seguida, para exprimir a minha gratidão pela confiança demonstrada na capacidade de concretização das várias actividades realizadas; por fim para manifestar os meus votos, o meu desejo, de que este modelo de colaboração, ou um outro, quem sabe, possa continuar a dar bons frutos em anos futuros.

À Direcção do CCC, o meu muito e muito obrigada.

Não posso ainda, nesta ocasião, deixar de referir um amigo de longa data, o Zé Francisco Feição, das Publicações Dom Quixote, pois sem a sua intervenção, uma noite como esta nunca teria sido possível. Zé Francisco, para si, um forte abraço.

Quanto a todos os que optaram por passar mais este serão na nossa companhia, não quero deixar de aproveitar a oportunidade de vos desejar Boas Festas e um Feliz Natal, e de fazer votos para que nos seja possível ultrapassar os tempos difíceis e duros que nos esperam.

Esta é uma noite muito, mas muito especial.

Somos os anfitriões – pela quinta vez – do escritor António Lobo Antunes.

Seja-me pois permitida a imodéstia de sublinhar que este facto é, sem sombra de dúvida, o elemento que mais valoriza o meu curriculum livreiro.

Escritor fascinante, senhor de um trabalho ímpar de destreza escrita, detentor de uma personalidade vincadamente literária, autor de mais de 20 livros, galardoado com um sem número de prémios e distinções universais de carácter cultural, António Lobo Antunes dá-nos hoje, uma vez mais, a satisfação de podermos contar com a sua presença.

Não vos vou falar da obra do escritor: falta-me, para tanto, o conhecimento e também «o engenho e a arte».

Sobra-me contudo o direito de falar e de sentir o autor da obra.

E, mesmo a propósito, vem-me à lembrança Daniel Pennac que, no seu livro “Como um Romance”, define os 10 princípios que designa como os direitos de quem lê.

Permitam-me então que vos relembre "Os Direitos Inalienáveis do Leitor":

1.º – O direito de não ler;

2.º - O direito de saltar páginas;

3.º - O direito de não acabar um livro;

4.º - O direito de reler;

5.º - O direito de ler não importa o quê;

6.º - O direito de amar os heróis dos romances;

7.º - O direito de ler não importa aonde;

8.º - O direito de saltar de livro em livro;

9.º - O direito de ler em voz alta;

10.º - O direito de não falar do que se leu.

E agora, permitam-me ainda que acrescente eu própria, mais um, que a partir deste momento se torna também universal:

Décimo primeiro artigo dos "Direitos Inalienáveis do Leitor":

- O direito de uma livreira expressar publicamente o seu amor pela obra de um grande escritor, quando esse escritor se chama António Lobo Antunes.

Muito obrigada.

Isabel Castanheira, Livreira
Caldas da Rainha, 12 de Dezembro de 2008

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Feliz Natal

Natal

Outro Natal
Outra comprida noite
De consoada
Fria,
Vazia,
Bonita só de ser imaginada
Que fique dela, ao menos,
Mais um poema breve
Recitado
Pela neve
A cair, ao de leve,
No telhado.

Miguel Torga
Antologia Poética

Boas Festas e um Bom Ano Novo são os desejos sinceros da Loja 107

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Vírus no Computador !!!


Eis um novo vírus, perigosíssimo, até então pouco conhecido e que está a suscitar grandes preocupações nos escritores de literatura dedicada à infância.

É um vírus assaz estranho, de aparência bizarra, pois surge coberto de pêlo (quase sempre suave) tem unhas compridas, orelhas alerta, um rabo comprido e ondulante, emite sons melodiosos e gosta de quentinho.…

Ataca de preferência o hardware. Todos os cuidados são poucos com os vírus desta estirpe!

Vou mandar uma mensagem para O Jardim Assombrado na esperança que este vírus vá fazer companhia às personagens do artigo sobre Literatura Infantil, publicado no Notícias Sábado (suplemento do Diário de Notícias), dia 13 de Dezembro.

Carla Maia de Almeida, o vírus já vai a caminho!

Hoje e Amanhã na Gulbenkian

XVIII Encontro de Literatura para Crianças - 15 e 16 de Dezembro de 2008
Fundação Calouste Gulbenkian

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Medalha de Ouro da Cidade

A Câmara Municipal das Caldas da Rainha, conferiu a Medalha de Ouro da Cidade ao escritor António Lobo Antunes.

A cerimónia da entrega da medalha terá lugar no decorrer do Café Literário a realizar no dia 12 de Dezembro no Centro Cultural e de Congressos das Caldas da Rainha (21,30 Horas).

Este Café Literário é uma co-produção Loja 107 - Centro Cultural.

Caldas da Rainha, cidade das Artes e da Cultura


segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Erro Corrigido

Agradeço os comentários referentes ao meu erro quanto à data indicada para a realização do café literário com a António Lobo Antunes.

É bom verificar que há leitores com muito mais atenção do que a blogger.

Todas as corrrecções são bem vindas. Obrigada.

domingo, 7 de dezembro de 2008

Café Literário

ANTÓNIO LOBO ANTUNES
de regresso às Caldas da Rainha

É com um extremo orgulho e a mais íntima alegria, que temos o grato prazer de informar que o escritor António Lobo Antunes estará de regresso à nossa cidade. O escritor fascinante, senhor de um trabalho de destreza escrita, autor de mais de 20 livros, galardoado com um sem número de prémios e distinções literárias, confere-nos o agrado da sua presença.

Café Literário
Autor convidado: António Lobo Antunes
Apresentação do livro: O Arquipélago da Insónia

Dia 12 de Dezembro de 2008
No Centro Cultural e de Congressos das Caldas da Rainha
21,30 Horas

Loja 107, partilhando Leituras com a cidade
contamos consigo

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Um Gato à Janela

Fotografia de David de Abreu
Lisboa - Campo de Ourique

“a impressão que um gato e gato algum, o encolher das sombras que é a mesma coisa vista que eu nunca entendi se os gatos existem ou não passam de condensação do escuro a detalharem-nos numa curiosidade preguiçosa”

António Lobo Antunes

domingo, 30 de novembro de 2008

Café Literário

A FÁBRICA DE FAIANÇAS DAS CALDAS DA RAINHA

Autores: Rafael Salinas Calado, Isabel Fernandes, Cristina Horta e Elsa Rebelo


A apresentaçãpo deste livro terá a participação do Dr. João B. Serra e do Arq. Rodrigo de Freitas. Estarão presentes as autoras: Cristina Horta e Elsa Rebelo.

Dia 6 de Dezembro de 2008 - sábado

Café do Centro Cultural e de Congressos - 17,00 Horas

"Um livro escrito por quatro especialistas em História da Arte e em faianças. Neste livro é analisada a história da famosa fábrica de faianças que produziu as populares peças de Bordalo Pinheiro. São também analisadas as caracaterísticas da louça das Caldas e o processo de fabrico e técnicas de cozedura e moldagem."

Esplanada Literária


INÊS DE BARROS e VERA PYRRAIT
estarão presentes na nossa Esplanada Literária no próxima dia 6 de de Dezembro (sábado) pelas 11,00 Horas para apresentação dos seus livros dedicados a jovens leitores.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

329.ª Página Caldense

MALHOA BORDALO
Confluências duma Geração

[...] "Apesar de ter trabalhado para inúmeros jornais e revistas em Portugal, em Inglaterra e no Brasil, teve necessidade de criar os seus próprios jornais para poder gozar inteira liberdade de actuação. Nos jornais, os seus desenhos constituem a maior atracção, tomando conta das páginas, obrigando o leitor a dar-lhes atenção, pela crítica mordaz aos acontecimentos e personagens do tempo, desafiando os poderosos e as convenções, mas sobretudo pela expressão contagiante das suas composições." [Pág. 44].
Luisa Arruda

[Malhoa Bordalo. Confluências duma Geração. 150 anos do nascimento de José Malhoa / Centenário da morte de Rafael Bordalo Pinheiro. Museu de José Malhoa, Caldas da Rainha. Exposição Comissariado. Matilde Tomaz de Couto e Cristina Azevedo Tavares. 1.ª Edição, 2005. ISBN 972-776-277-8.]

328.ª Página Caldense

O CERAMISTA
RAFAEL BORDALO PINHEIRO

"[...] Estas características, que fazem de Rafael Bordalo Pinheiro um grande espírito, tornaram-no também um dos espíritos mais criativos artistas do final do século XIX em Portugal, na variedade de facetas que marcam sua trajectória de desenhista, pintor, jornalista, caricaturista e ceramista."

Emanoel Araujo (Director da Pinacoteca do Estado)

[Rafael Bordalo Pinheiro o Português Tal e Qual , O Ceramista 1884 - 2005. Pinacoteca do Estado. de S. Paulo. Brasil. 2 de Julho a 4 de Agosto de 1996. Curadoria: Paulo Henriques. Ensaios: João Bonifácio Serra, Paulo Henriques e Eduardo Salamonde.]

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Pequeno escrito em redor de umas ilustrações Bordalianas

O caso da jarra que antes de ser já o era, ou o “cotillon” [1]batraquiano

Chiquérrimo, é o mínimo que se pode adjectivar.

Um quimono de seda estampada, de um luminoso verde seco, contrastado por grandes crisântemos em plena floração, envolve-o.

Elegantemente traçado, as pregas caem com suavidade em torno da sua bem acentuada rotundidade.

Notáveis as suas socas, num discreto tom níveo e de uma altura a exigir um contínuo exercício de instável equilibrismo.

E ainda não fizemos referência ao carrapito, apanhado no alto do cocuruto da cabeça e enfeitado com qualquer coisa de semelhante a um carapuço encimado por uma bolinha amarela de onde parte uma pequena e frágil pena.

Repete-se: chiquérrimo, é o mínimo que se pode adjectivar.

Um pormenor de não somenos importância: a fulgurante visão de uns tornozelos bem torneados, sob uma pequena prega do quimono que descai em jeito de cauda.

Quem, senão ele, o grande senhor da sátira e da caricatura, Mestre Rafael Bordalo Pinheiro?

Rafael apresenta-se distintíssimo, primoroso e elegantíssimo na capa do “Almanaque do António Maria para 1882/1883”.

Não está sozinho; acompanha-o, de um lado, Guilherme de Azevedo[2] que enverga um quimono em tons de vermelho e que num toque de grande distinção, se abanica com um colorido leque em forma de coração.

Do outro lado, o seu filho Manuel Gustavo,[3] com um ar ligeiramente comprometido, observa-nos de revés. Alto e magro, veste o seu quimono com a elegância profissional de um manequim.

A marcar o desenho, cortando-o diagonalmente, um grande pincel, a mais eficaz ferramenta de trabalho de Rafael.


Constituem o grupo perfeito a convidar-nos a folhear sem pressas este Almanaque, cuidadosamente impresso na Tipografia da Empresa Literária Luso-Brasileira. Acedendo ao convite, viremos então as folhas amarelecidas pelo tempo, à descoberta de algo que nos surpreenda.

Logo ali, na página de rosto, uma ilustração que nos apanharia em flagrante incredulidade, se não conhecêssemos Bordalo como já o conhecemos.

Rafael, políticos e gatos; muitos gatos. Quais sombras chinesas os desenhos surgem a negro sobre um fundo incolor.


Enquanto Bordalo empunha o seu terrível pincel, pronto a desenhar tudo e todos, as restantes figuras como que deslizam ao longo da página num enquadramento harmonioso.

Nota-se um pequeno gato – será ele um Pires? – a saltar na ponta do pincel de Bordalo, numa atitude provocatória, como que a incentivá-lo a escrever, a ilustrar, a ridicularizar, a satirizar e a gracejar com o mundo que os rodeia.

Mais umas páginas adiante, percorremos os diferentes meses do ano, ilustrados com desenhos alegóricos e eis-nos chegados ao mês de Julho.


Eis a surpresa! Que mês este! O mês das Caldas!

Ao centro, em traço ténue a silhueta de Augusto Maria Fernando Carlos Miguel Gabriel Rafael Agrícola Francisco de Assis Gonzaga Pedro de Alcântara Loyola, Sua Alteza o Infante D. Augusto que, no dizer de Rafael Rimuito, [4] “Nasceu, … É infante e General.”[5]

Habitual visitante das termas da moda, Rafael realça essa ligação caldense da real figura.

Ao cima da página, a dança da bicharada: lagartos, lagartixas, rãs, sapos, frente a frente marcam o passo com acerto.


À esquerda, um jarrão tipicamente caldense decorado com uma esguia cobra – espreguiçando-se ao longo do bojo - uma rã e uma parra; na tampa, em sono profundo e enroscada sobre si mesma, outra cobra.

Em baixo, um prato musgado onde é visível mais uma cobra e outro lagarto.

À direita, um grande vaso, de largo bocal, e em cujo bojo se encontram inscritos os diferentes dias do mês e respectivo padroeiro religioso. A finalizar, uma cobra move-se ao longo da página contornando o bocal e parando ante a palavra Caldas.

Sentir-se-á fascinada pela importância da terra ou simplesmente cansada de tanto deslizar?


À data em que este Almanaque é publicado, Bordalo faz a sua vida por Lisboa, publica “O António Maria”,[6] visita a Livraria Bertrand, mostra-se nas vernissages artísticas, passeia-se pelo Chiado, compra os seus charutos na Havaneza, almoça no Zé das Caldeiradas, frequenta os teatros, elogia “les silhoutes” elegantes das artistas, faz a corte às prima-donas do belo canto e tem como particular “amigo” e manancial inspirativo, o todo poderoso Fontes Pereiro de Melo, que semanalmente caustica nas páginas do seu jornal.

Bordalo ainda não se tinha feito oleiro nas Caldas. No entanto faz cerâmica desenhada.

Somos avassalados por uma tremenda dúvida; ter-se-á Bordalo inspirado nas formas cerâmicas já existentes, ou projectou as formas que mais tarde haveria de modelar no plástico barro caldense?

Não nos interessam as explicações, sejam elas quais forem; interessa-nos sim que Rafael Bordalo Pinheiro, sempre “avant la letre”, lapisista exímio, oferece-nos, para nosso deleite e contentamento, o exemplar único de uma jarra bichada que antes de ser já o era.



Isabel Castanheira, na companhia de um forasteiro e do gato Pires, expressa a sua profunda admiração pela obra do Mestre

[1] Cotillon, dança muito em moda nos serões sociais do club das Caldas da Rainha, nos finais do séc. XIX.
[2] Guilherme de Azevedo, jornalista e poeta, colaborador d’O António Maria (30 de Novembro de 1839, Santarém – 6 de Abril de 1882, Paris, França).
[3] Manuel Gustavo Bordalo Pinheiro, ilustrador, caricaturista, ceramista, industrial, professor, filho de RBP (20 de Julho de 1867 – 8 de Setembro de 1920).
[4] Pseudónimo utilizado por Rafael Bordalo Pinheiro na escrita de alguns textos do Álbum das Glórias.
[5] Álbum das Glórias, Março de 1882; Infante D. Augusto (1847-1889), filho de D. Maria II e D. Fernando.
[6] O António Maria, 1.ª Série, publicado entre 12 de Junho de 1879 e 21 de Janeiro de 1885.


Nota: este texto integra o catálogo, "Bordalo Contemporâneo e Contemporâneos com Bordalo", exposição Na Galeria Nova Ogiva, em Óbidos.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Café Literário

À conversa com:
Professor Dr. Mário Bernardo
A Mama - Saúde e Doença


Maria Fernanda Romba
Autora do livro: O Meu Caranguejo e Eu

Local: Cheap n'Chic Café do CCC das Caldas da Rainha
22 de Novembro de 2008 - 16,30 Horas

O Centro Hospitalar das Caldas da Rainha, em colaboração com o CCC, a Loja 107, e o Laboratório Eustrazeneca, convida V. Exª. a participar neste Café Científico-Literário, integrado nas actividades de sensibilização para a importância da detecção e tratamento precoce do cancro da mama.

Contamos com a sua presença

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Conversas no CCC


O Zé Povinho do Apito, informa:

A Maria dos Pontos nos ii (também conhecida por Maria da Paciência) tem o grato prazer de informar que organizou um passeio pelo Parque D. Carlos I, na companhia do seu patrono Rafael Bordalo Pinheiro.

O local de encontro será no café do CCC no próximo dia 20 - quinta feira - pelas 21,30 Horas.

Aconselha-se a utilização de agasalhos, dado que se prevê uma ligeira friagem, bem como calçado confortável, porque o passeio será longo.

Todos serão bem vindos a este passeio imaginado, que nos conduzirá às Caldas da Rainha de outros tempos.

Não se torna necessária incrição prévia, nem bilhete.

Café Literário

Café Literário
Autor Convidado: Prof. Dr. Daniel Samapaio
Apresentação do livro: A Razão dos Avós
Local: Café do Centro Cultural e de Congressos das Caldas da Rainha
Dia 18 de Novembro, terça feira, pelas 21, 30 Horas

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Palavras de Escritores


Écrire est un acte d'amour.
S'il ne l'est pas, il n'est qu'écriture.
Jean Cocteau

327.ª Página Caldense

Misericórdia das Caldas da Rainha
(Em organização)
Pagamento da quota de Setembro de 1928 pelo sócio número 24
(Herança Familiar)

326.ª Página Caldense

Centro Almirante Candido dos Reis
Sede das Comissões politicas republicanas
No ano de 1914 o cidadão Albino Antunes de Castro pagou a quota mensal de 100 réis, referente ao mês de Dezembro
(Herança Familiar)

325.ª Página Caldense

Associação nde Socorros Mútuos Rainha D. Leonor
Pagamento da quota do sócio 705, referente ao ano de 1915
(Herança familiar)

324.ª Página Caldense


Associação Humanitaria dos Bombeiros Voluntários Caldenses
Convocatória do associado 131
14 de Janeio de 1915
(Herança familiar)

323.º Página Caldense

O CAIXEIRO
Orgão dos Caixeiros do Commercio e Industria
Recibo datado de 16 de Junho de 1911
(Herança familiar)
Nota justificativa da indicação referente à herança familiar; Albino Antunes de Castro era meu Avô.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

terça-feira, 21 de outubro de 2008

322.ª Página Caldense


ESTREMADURA
BOLETIM DA JUNTA DE PROVÍNCIA, 1946

"O pintor José Malhoa"

"Estou-me agora a lembrar da figura originalíssima de José Malhoa, passados já os setenta anos, com a sua grande gravata e o inconfundível chapéu escuros às três pancadas, que marcou entre os chapéus exóticos qur davam nas vistas aos lisboetas do Chiado. Foi operoso pintor; legou à Nação obra fecunda, enraizada a sua pintura na sã escola paisagística de Silva Porto e cantou a terra portuguesa, nórmente a estremenha, como prodigioso mago da cor.

Linha, cor e luz harmonizaram-se em amplexos de fulgurante sinfonia nos óleos de Malhoa, posta em relevo a beleza da paisagem, que sabia contemplar estáticamente. O crepúsculo, o por do sol, os dias de chuva, o nascer da lua cheia e o encanto das manhãs - quer de verão, quer de inverno - tudo isso nos deu o artista em dezenas de telas."[...] [Pág. 281]

Ad. Faria de Castro
(Professor e antigo bolseiro do I.A.C. no estrangeiro)

[Estremadura - Boletim da Junta de Província. Série II - Número XIII. 1946. Setembro / Outubro / Novembro / Dezembro. Directores: Carlos Botelho Moniz e Guilherme Felgueiras.]

domingo, 19 de outubro de 2008

Marcadores Felinos

FRANCESCO MUSANTE
Il gatto portafortuna
ED HECH
FRANCESCO MUSANTE
Sir Porpotton

MARA COZZOLINO
Sogni d'oro

321.ª Página Caldense


CRÓNICA DOS TEMPOS IDOS
LUIZ TEIXEIRA

"O bom tempo das Caldas não morreu.

Vendo bem, acompanhou apenas a transfiguração que pôs, nas estradas, em lugar das diligências do José Paulo, os autocarros dos Capristanos; que substituiu as velhas hospedarias do Cercal e da Ota pelas pousadas do Castelo de Óbidos e de São Martinho; e fez da calma e remota vila esta recente e próspera cidade.

O que era grande e essencial, nas épocas que passaram, permanece, resiste e não se amesquinhou com o decorrer dos anos: as belas árvores, a pureza do clima, o pitoresco e a poesia dos costumes rústicos, a tradição da hospitalidade e a nobreza dos sentimentos e virtudes exemplares da gente caldense. O resto,todo esse sonho animado e frívolo que faz o fulgor ocasional da crónica dos tempos idos, desapareceu, é certo. Mas deixou na atmosfera desta terra mais do que uma nostalgia de recordações; a palpitação de uma sorridente frescura e uma bela, envolvente e estimuladora insinuação de espiritualidade...! [Pág. 35 e 36]

[Crónica dos Tempos Idos. Luiz Teixeira. Lisboa. 1954. Palestra pronunciada na noite de 25 de junho de 1954 no Rotary Clube das Caldas da Rainha.]

O meu agradecimento ao amigo Vitor Pires pela partilha desta fonte bibliográfica caldense.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

320.ª Página Caldense

POSTURA SOBRE DEFESA DO PATRIMÓNIO ARTÍSTICO, MONUMENTAL
E ARQUEOLÓGICO DO CONCELHO

"CAPÍTULO I

Bens de «Interesse Municipal»

Artigo 1.º - Consideram-se sob a protecção e vigilãncia da Câmara, no intuito de os conservar e defender, todos os elementos monumentais, arqueológicos, artísticos e paisagísticos, numismáticos, históricos ou de interesse tradicional, existentes no concelho, abrangendo todos aqueles que pelo seu valor intrinsico ou simplesmente documental e época a que respeitam, mereçam portanto ser classificados de «interesse municipal»."

[Postura Sobre Defesa do Património Artístico, Monumental e Arqueológico do Concelho (Aprovado pela Câmara Municipal em reunião de 6 de Janeiro de 1954 e pelo Conselho Municipal, em sessão ordinária de 9 de Fevereiro do mesmo ano). Entrou em vigor em 1 de Maio de 1954. Câmara Municipal das Caldas da Rainha. Minerva Caldense, Caldas da Rainha, 1954. 500 exemplares]

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

319.ª Página Caldense

O HOSPITAL DAS CALDAS DA RAINHA ATÉ AO ANO DE 1656
FREI JORGE DE SÃO PAULO - TOMO I
O HOSPITAL DAS CALDAS DA RAINHA ATÉ AO ANO DE 1656
FREI JORGE DE SÃO PAULO - TOMO II

O HOSPITAL DAS CALDAS DA RAINHA ATÉ AO ANO DE 1656
FREI JORGE DE SÃO PAULO, TOMO III

"O volume que hoje se publica sobre a história da Rainha D. Leonor e da fundação do Hospital das Caldas, é parte de uma obra notável inédita, cujo manuscrito, ocupando 1132 páginas in-folio, está guardado no cofre do Hospital das Caldas da Rainha. Essa obra, que trata os inúmeros assuntos referentes à história das Caldas, foi escrita por um provedor ilustre do Balneário da Rainha D. Leonor, Frei Jorge de São Paulo". [Palavras Prévias, I Tomo].

[O Hospital das Caldas da Rainha até ao ano de 1656. Autor: Frei Jorge de São Paulo. I Tomo, ano de edição 1967; II e III Tomos, ano de edição 1968. Edição: Academia de Ciências de Lisboa. Apresentação, fixação do texto e notas de Fernando da Silva Correia]

Nota: Hoje em dia, este manuscrito pode ser visto no Museu das Caldas e da Cidade.