Cavacos das Caldas
CAVACOS DAS CALDAS II

DICIONÁRIO GRÁFICO BORDALIANO

alguns livros, cerâmicas, belos gatos e algo mais...



segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Página de Fim de Ano

O MOSCARDO - ANO I - N.º 3
10 DE JUNHO DE 1913
As "festas" da cidade

Alface: - Então, "seu" Zé, está contentinho com as minhas festas?
Zé: - Ora se estou! Junto d'uma alface d'estas até me sinto grilo...

Francisco Valença
B o a s F e s t a s

sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

205.ª Página Caldense


Associação Musial - 10.º e Último Concerto Clássico - Real Teatro de S. Carlos
24 de Junho - 3.ª Época - 1882
Rafael Bordalo Pinheiro

O meu agradecimento ao Diamantino Fernandes pela partilha desta peça

204.ª Página Caldense


Associação Musical - 7.º Concerto Clássico - Real Teatro de S. Carlos
3.ª Época - 1882
Rafael Bordalo Pinheiro

O meu agradecimento ao Diamanatino Fernandes pela partilha desta preciosidade Bordaliana

quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

203.ª Página Caldense

O NATAL DOS MENINOS BONITOS DA NAÇÃO
O ANTÓNIO MARIA
29 DE DEZEMBRO DE 1881
RAFAEL BORDALO PINHEIRO

[À esquerda: Good Morning: "os meninos bonitos que teem broas" (o governo : todos a rir). À direita: Good Night: "os meninos bonitos que não teem broas" (a oposição : sobrolho carregado). Ao centro: uma árvore de Natal e sob esta um Zé Povinho, de mãos nos bolsos, alheio ao que se passa em seu redor, dorme.]

quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

terça-feira, 25 de dezembro de 2007

201.ª Página Caldense

O meu presente de Natal

História de uma velha
que tinha um gato








Rafael Bordalo Pinheiro

Comércio do Porto Ilustrado, 1894

segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

Boas Festas (3)

[ in O PRESÉPIO EM PORTUGAL - ALEXANDRE NOBRE PAIS - Caleidoscópio ]

NATAL

Ninguém o viu nascer.
Mas todos acreditam
É um menino e é Deus.
Na Páscoa vai morrer, já homem,
Porque entretanto cresceu
E recebeu
A missão singular
De carregar a cruz da nossa redenção.
Agora, nos cueiros da imaginação,
Sorri apenas
A quem vem,
Enquanto a Mãe,
Também
Imaginada,
Com ele ao colo,
Se enternece
E enternece
Os corações,
Cúmplice do milagre, que acontece
Todos os anos e em todas as nações.

Miguel Torga
(Diário Vols IX a XVI - 1999
Publicações Dom Quixote)

Com as belas e ternas palavras de um grande escritor, os meus mais sinceros votos de Festas Felizes.

domingo, 23 de dezembro de 2007

Serenata


"Acabou-se esta cantiga,
Vamos agora à chacota.
Já enchemos a barriga,
Sigamos nossa derrota!


Rico vinho, santa broa
Calça o fraco, veste os nus!
Voltaremos a Lisboa
Pró ano, querendo Jesus!"

Vitorino Nemésio (Janeiras)


Boas Festas (2)

A "MINHA" ÁRVORE GANHOU VIDA
AS BOAS FESTAS DA CRIANÇADA DA ESCOLA DA ENCOSTA DO SOL


PUER NATUS EST NOBIS

"Dos contos de fadas da
minha infância, esta da Divina
Criança era dos mais maravilhosos. Não
faltavam os exóticos magos guiados
pela mística estrela, a noite gelada, os
mansos animais, o desvalido ermo, a pobreza
transformada em glória. O bem
sucedido parto de uma virgem, tantos séculos
antes das pesquisas genéticas. O pior
foi quando quiseram contar o Tempo
a partir desta história. Podiam ter escolhidos
outra, com um fim menos cruel. Antes
a da Cinderela ou a do Príncipe Sapo, onde
todos viveram felizes para sempre. Sempre?
E o que é?

Sempre?"
Inês Lourenço

sábado, 22 de dezembro de 2007

Boas Festas (1)




Chove. É dia de Natal.
Lá para o Norte é melhor:
Há a neve que faz mal.
E o frio que ainda é pior.



Fernando Pessoa

Os Gatos de Afonso Lopes Vieira

OS ANIMAIS NOSSOS AMIGOS
versos de AFONSO LOPES VIEIRA
ilustrações de RAUL LINO

"O Gato

O gato, à sua janela,
ao Sol, que brilha fulgindo,
vai dormindo
vai pensando
e vai sonhando:

- «Ó minha linda casinha,
tu és minha, muito minha,
nem há outra melhor que ela ...»
[Pág. 25]

O gato, à sua janela,
ao Sol, que brilha fulgindo,
vai dormindo,
vai pensando
e vai sonhando:

- «Pelas noites de invernia,
quando o vento, num lamento
muito lento, muito longo,
muito fundo, de agonia,
ruge e muge,
e a chuva bate à janela,
nos vidros fina a tinir...,
ai com é bom,
ai como é bom dormir
ao serão, todo enroscado
ao pé do lume doirado,
fazendo ron-ron, ron-ron..."

-«Ó minha linda casinha,
tu és minha, muito minha,
nem há outra melhor que ela ...»

O gato, à sua janela,
ao Sol, que brilha fulgindo,
vai pensando,
vai dormindo
e vai sonhando:

- «Não tenho inveja a ninguém:
nem aos pássaros no ar
a voar,
nem aos cavalos saltando,
galopando,
nem as peixinhos no mar
a nadar;
não tenho inveja a ninguém,
aqui da minha janela
onde me sinto tão bem ...»

- «Ó minha linda casinha,
tu és minha, muito minha,
nem há outra melhor que ela ...» "

[Animais nossos Amigos. Versos de Afonso Lopes Vieira. Ilustrações de Raul Lino. Livros Cotovia. Lisboa, 1992. ISBN 972-8028-15-6. Conforme 1.ª edição da Livraria Ferreira, 1911]

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

200.ª Página Caldense

CARICATURAS PESSOAIS
F. VALENÇA

Saavedra Machado
"Tão hábil no manejo do lápis como no da pena Saavedra Machado encetou a publicação de O desenho e as mulheres no labor artístico de Rafael Bordalo, esplêndida obra que põe em foco o luminoso génio do Mestre, sob aqueles aspectos.
Embora farto de lidar com os ossos do Museu Anatómico, que são os ossos do seu ofício, toque nestes que Sempre Fixe lhe estende, Saavedra Amigo! 1926."

[Caricaturas Pessoais. I - Colecção do Sempre Fixe. F. Valença. Edição da Renascença Gráfica. Lisboa. Sem data de Edição.]

A Pausa

NATAL CHIQUE

Percorro o dia, que esmorece
Mas ruas cheias de rumor;
Minha alma vã desaparece
Na muita pressa e pouco amor.

Hoje é Natal. Comprei um anjo,
Dos que anunciavam no jornal;
Mas houve um etéreo desarranjo
E o efeito em casa saiu mal.

Valeu-me um príncipe esfarrapado
A quem dão coroas no meio disto,
Um moço doente, desanimado ...
Sé esse pobre me pareceu Cristo.
Vitórino Nemésio
[Natal ... Natais. Oito séculos de Poesia sobre o Natal. Antologia de Vasco Graça Moura. Millennium/Público.]


Fotografias de Margarida Araújo

sábado, 15 de dezembro de 2007

Letras & Sabores


Pachá - Casa Antero e Loja 107 - Livraria, convidam-no a provar uma iguaria de queijo chèvre, acompanhando por um vinho Casal Figueira, no próximo dia 18 (terça-feira), pelas 18,00 Horas.

Esperamos por si na esplanada da Casa Antero, no Beco do Forno, para a apresentação do livro Puro Chèvre - Receitas com queijo de cabra Granja dos Moinhos, da autoria de Adolfo Henriques e Valter Vinagre.
Bom Apetite!

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

199.ª Página Caldense / Prémio Pessoa

"O Prémio Pessoa é uma iniciativa conjunta da Unisys e do Expresso, cuja primeira edição data de 1987. É um prémio concedido anualmente à pessoa de nacionalidade portuguesa que durante esse período - e na sequência de uma actividade anterior - tiver sido protagonista de uma intervenção particularmente relevante e inovadora na vida artística, literária ou científica do país. "

MOCIDADE PORTUGUESA FEMINIA
IRENE FLUNSER PIMENTEL

"Todas as raparigas que se honrem de pertencer à Mocidade Portuguesa Feminina, sabem que esta patriótica instituição escolheu as memórias de duas excelsas mulheres para nelas colher inspiração para as suas prestantes iniciativas. [...]


Não julgo, porém, sacrilégio, que, nos seus momentos de ardorosa e colectiva súplica ao Céu pela felicidade da Pátria e da grei, as filiadas da mocidade portuguesa feminina envolvam os nomes de D. Filipa de Lencastre e de sua bisneta, a Rainha D. Leonor, em fórmulas de prece, como se evocam os dos santos, medianeiros entre nossas aspirações e a divina misericórdia." [Pág.120]

Irene Pimentel - que já nos concedeu a honra da sua visita - foi a personalidade galardoada com o Prémio Pessoa 2007

[Mocidade Portuguesa Feminina. Irene Flunser Pimentel. A Esfera do Livros. 1.ª Edição, Novembro de 2007. ISBN 978-989-626-081-1]

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Correcção

Agradeço ao leitor anónimo que me corrigiu o português. Sim, é permeio. Peço-lhe que esteja atento e corrija sempre. Correcções, comentários e informações complementares, são bem vindos. Obrigada pela participação atenta (e certa).
Isabel

198.ª Página Caldense


ÚLTIMOS ANOS DE MALHÔA
MANOEL DE SOUSA PINTO

"Nesse mesmo ano [1928], as Caldas da Rainha inauguraram festivamente o seu busto, que esta manhã cobristes de flores. Recebido em triunfo na sua terra, vibrou o homenageado com o carinho dos seus. Apreciou o encanto de alguns lugares que tornava a ver ou conheceu. Lembrou-me que passou uma manhã deliciada na Foz do Arelho e meia hora de emoção no Nadadoiro, quando o Setembro caldense alinda mais o pôr do sol." [Pág. 5]

[Últimos Anos de Malhôa. Conferência feita no Salão de Festas da Associação de Socorros Mútuos Rainha D. Leonor, das Caldas da Rainha, na noite de 28 de Abril de 1934. Tipografia Caldense. 1934. 22 páginas numeradas + capas. Dimensões: 19,50 x 26,00 cms.]

Poema de Natal

A ADORAÇÃO DE CRISTO MENINO POR MARIA E JOSÉ
ILUMINURA DO "LIVRO DE HORAS DE BESANÇON", 1445

NATAL

Nasce um Deus. Outros morrem. A Verdade
Nem veio nem se foi: o Erro mudou.
Temos agora uma outra Eternidade,
E era sempre melhor o que passou.

Cega, a Ciência a inútil gleba lavra.
Louca, a Fé vive o sonho do seu culto.
Um novo deus é só uma palavra.
Não procures nem creias: tudo é oculto.

Fernando Pessoa

[Poesia de Fernando Pessoa. Introdução e selecção de Adolfo Casais Monteiro. Editorial Presença. 3.ª edição - Janeiro de 2006. ISBN 972-23-3506-5]

Com toda a ternura dedico esta página à Maria, ao Luis Eme e ao Vitor Pires, meus atentos e fiéis comentadores

domingo, 9 de dezembro de 2007

Onde ficava?


Postal emprestado pelo amigo Joaquim Saloio. Os meus agradecimentos.

197.ª Página Caldense


ERUDIÇÃO E TRADIÇÃO EM
ERUDITENESS AND TRADITION IN
RAPHAEL BORDALLO PINHEIRO
1846 - 1905

"Quando, em 1883, Rafael Bordalo Pinheiro se lançou na aventurosa empresa das cerâmicas a fabricar nas Caldas da Rainha, era já um artista famoso, desenhador aplaudido pelo seu humor popularizado em meia dúzia de jornais, e, desde 79, pelo mais famoso deles, O António Maria, fundado depois de uma estada de quatro anos no Rio de Janeiro, desenhador também ali parecido e temido."

José Augusto França

[Catálogo da Exposição realizada por ocasião da Semana Cultural Portuguesa 98 - Nova Delhi, 7 a 14 de Abril de 1998 / Panaji - 21 a 28 de Abril de 1998]

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

As Árvores da minha Rua


Árvore Rumorosa

Árvore rumorosa pedestal da sombra
sinal de intimidade decrescente
que a primavera veste pontualmente
e os olhos do poeta de repente deslumbra

Receptáculo anónimo do espanto
capaz de encher aquele que direito à morte passa
e no ar da manhã inconsequentemente traça
o rasto desprendido do seu canto

Não há inverno rigoroso que te impeça
de rematar esse trabalho que começa
na primeira folha que nos braços te desponta

Explodiste de vida e és serenidade
e imprimes no coração mais fundo da cidade
a marca do princípio a que tudo remonta

Ruy Belo


[Todos os Poemas I. Ruy Belo. Assírio & Alvim. 2.ª Edição. Outubro de 2004. ISBN 972-37-0892-2]

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

196.ª Página Caldense

CARTAS A EMÍLIA
RAMALHO ORTIGÃO

"Torres Vedras, 3.ª Feira [1898?]
QUERIDA EMÍLIA: Como te disse fui com efeito às Caldas no sábado. Tinha projectado voltar no rápido de 2.ª Feira às 7 1/2 da manhã, mas era tanta a gente que regressava a Lisboa nesse comboio, incluindo Bracelinhos, Galveias, etc., que resolvi evitar a barafunda, vindo no comboio da noite e chegando aqui ontem às 9 horas como fiz. Gostei muito das caldas. A terra é efectivamente linda, apesar de mal tratada, é muito fresca. A jarra de Bordallo é inteiramente uma* bela peça para concurso de cerâmica porque não há dificuldade q. nela se não ache resolvida. Como composição decorativa, no ponto de vista puramente estético, é uma obra muito defeituosa, excessiva, complicada, destituída absolutamente das condições fundamentais de uma obra de arte, que são a ponderação, a harmonia e a lógica de conjunto. Quando se reflecte nos fins para que teria sido feita uma tão gigantesca coisa não se adia se não isto: que foi feita unicamente no intuito pouco poético e extra-artístico de entupir de admiração os basbaques. O que mais que tudo me sensibilizou profundamente, foi a orquestra das ocarinas constituída pelos rapazes da fábrica com os instrumentos de barro fabricados e afinados por eles mesmo. Os músicos são apenas oito e tocam todos por música. O mais especial da instrumentação são as grandes ocarinas do tamanho de abóboras, que é preciso segurar ao pescoço por meio de uma correia, e que tem um belo e cheio som, grave, corno o mais grave de um órgão. O efeito de harmonia é inesperado, grandioso e magnífico. O Bordallo para me fazer surpresa mandou-os tocar sem me prevenir e inesperadamente numa sala contigua àquela em que eu estava! Fiquei estático, com o coração a bater, e o calor das lágrimas nos olhos! Podes participar a Bertha que o Santo António que ela encomendou está quase pronto, e de certo ficará pronto de todo no barro esta semana. No sábado, à minha chegada, os hotéis em Caldas estavam ainda cheios. Eu fui - já se sabe - para a galinha, que não tinha quartos no hotel, mas que me deu uma casa próxima, que eu unicamente habitava, e de que trazia no bolso a chave da porta da rua. Muito agradável como instalação. Serviço muito pontual e cozinha excelente. De muito boa vontade ficara lá mais tempo. Muitos homens meus conhecidos, e com excepção de bastantes espanholas, senhoras deselegantes e finíssimas. Recebi a tua carta escrita no sábado em que me dizias que a Bertha estava em Cascais e que ias lá passar o domingo. Ainda não tive com os Casimiros desde que vim para as Caldas. Trouxe da fábrica do Bordallo algumas pequenas peças muito bonitas. Hoje está aqui imenso calor e houve há pouco um pequeno abalo de terra. Queira Deusa não fosse mais violento em outros sítios! Saudades a todos e abraços do teu amigo
Ramalho"
*Jarra Beethoven

[Cartas a Emília. Ramalho Ortigão. Introdução, selecção, fixação do texto, comentários e notas Beatriz Berrini. Lisóptima Edições / Biblioteca Nacional. MCMXCIII. ISBN 9712-9394-06-7.]

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

A Activista Cultural


O passo decidido não acerta com o cismar do palácio
O ouvido não ouve a flauta da penumbra
Nem reconhece o silêncio
O pensamento nada sabe dos labirintos do tempo
O olhar toma nota e não vê

Sophia de Mello Breyner Andresen

[O Búzio de Cós e outros poemas. Sophia de Mello Breyner Andresen. Caminho. 500 Exemplares. Outubro de 2004. ISBN 972-21-1158-2. Fotografia de Margarida Araújo.]

Leituras

L'ART ET L'HISTOIRE DE LA CARICATURE
LAURENT BARIDON e MARTIAL GUÉDRON

[...] "La caricature figurait alors en bonne place dans les pratiques comme dans les usages sociaux et politiques des images. "

"La Carte drolatique d'Europe de Hadol montre des personnages emblématiques des nations qui, par leurs attitudes et leurs expressions, représentent leur positions au sein des rapports de force. "


Carte drolatique d'Europe pour 1870, dresée par Hadol
(pormenor)

[L'Art et l'Histoire de la Caricature. Laurent Baridon / Martial Guédron. Éditions Citadelles & Mazenod. ISBN: 2 85088 222 4. Octobre 2006.]