"São já bem conhecidas do público os produtos da nova fábrica de faianças das Caldas da Rainha, dirigida pelo notável artista Rafael Bordalo Pinheiro, produtos que Lisboa admirou, na exposição feita o ano passado, nas salas do "Comércio de Portugal" e que actualmente se acham expostas no depósito da mesma fábrica, na Avenida da Liberdade.
Como se vê reuniu-se ali o útil e o agradável. Este edifício, de arquitectura japonesa, está assente no meio de um jardim arborizado, onde se vêm vasos de produção da fábrica.
A construção singela tem toda a elegância e novidade que no nosso país oferece este género de arquitectura, aliás muito bem escolhido, tratando-se de uma fábrica de faianças, indústria de que a China é produtora por excelência.
N'este edificio acham-se as oficinas de loiça artistica e de modelação, havendo também a sala de exposição dos produtos da fábrica.
As outras oficinas destinadas ao fabrico da loiça comum, tijolos, telha e azulejos, assim como três fornos ordinários de tijolo, três ditos tipo português para telha, azulejo, etc., e um grande forno sistema Minton, acham-se dispostos numa área de 2:733 metros quadrados, ligando estas oficinas uma linha férrea de aproximadamente mil metros de extensão.
Todo o tijolo, telha e azulejo, empregados nestas construções foram produzidos na própria fábrica, pelo que se pode calcular o grande alcance desta indústria, que tanto produz a esplêndida loiça artística com que nos encanta, como o tijolo e telha de tão vasto consumo.
O desenvolvimento desta indústria, uma das mais naturais do país, é, pois, assaz prometedora para os capitais nela empregados.
Por um acordo feito entre a empresa e o governo, vai ser estabelecido nesta fábrica uma escola de ensino artístico, tendo uma outra de instrução primária para um determinado número de alunos.
Por isso foi dado pelo governo um subsídio, satisfazendo assim mais economicamente a necessidade de uma escola artística nas Caldas da Rainha."
[Artigo não assinado]
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