Cavacos das Caldas
CAVACOS DAS CALDAS II

DICIONÁRIO GRÁFICO BORDALIANO

alguns livros, cerâmicas, belos gatos e algo mais...



segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Os Teatros de Lisboa

«O armário dos irmãos Davenport era menos complicado de que as peças que prega a todos este gaiato mór do país.
Desgraçado de quem não tiver cautela com ele. Está perdido.
De várias ocasiões, nas Caldas da Rainha, onde ele andava a fingir que tratava da sua gota impertinente, fez coisas incríveis a homens pacíficos, incapazes de suspeitarem que ele armasse laços de tal ordem à sua inexperiência. Uns ficavam sem sopa, outros ao recolher do Club encontravam-se sem a chave do trinco, e tinham de arrombar a porta, ou de ir pedir, à uma hora da noite, uma escada para trepar e entrarem pela janela ...»
In: Os Teatros de Lisboa, de Júlio César Machado e ilustrações de Rafael Bordalo Pinheiro. Livraria Editora de Matos Moreira & c.ª. 1855

sábado, 21 de dezembro de 2013

Natal nas Caldas

As ruas das Caldas da Rainha estão mais bonitas este Natal. As iluminações que a embelezam, simples e sem grandes floreados, conferem-lhe um ar de senhora distinta, de meia idade. Foi retocada a maquilhagem, pois a Câmara, e muito bem, resolveu com uma acção demolidora de pintura, dar cabo de todos as horrorosas pinturas que conspurcavam as paredes da cidade. Os laçarotes que enfeitam os vasos de flores, conferem um toque de festa e alegria, já não falando das árvores de Natal que são um símbolo do Natal caldense. Os meus amigos e antigos colegas, que estão na ACCCRO, Associação Comercial, fizeram um bom trabalho. Para eles a minha saudação e parabéns. Podem orgulhar-se marcaram a diferença. Continuem.
A fotografia é do blogue Águas Mornas do Zé Ventura.

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Os Livros do Natal

Nestes últimos tempos, fiz greve ao blog.
Por razões várias, o que eu tinha a partilhar com quem eventualmente estivesse interessada no que eu poderia dizer, nada era. Durante este período de abstinência, o que mais me chamou a atenção, foi o problema levantado por um conjunto de Livreiros Independentes quanto às condições de comercialização dos livros conferidas aos grandes grupos, nomeadamente à Bertrand e à Fnac. Este é um problema que é um pau de dois bicos; e estes bem afiados, por sinal. Quem compra os livros, e está fora destas questões, não percebe porque é que ele é um problema. Quer é adquirir os livros ao mais baixo custo. Mas o mercado é jogado com cartas viciadas. Uma das grandes cadeias de livrarias, a Bertrand, pertence a um dos grandes grupos editoriais, a Porto Editora. A Fnac, é a Fnac, que tem força que baste para negociar os preços que quer. Não têm sido falados dois grandes grupos, que pelos anúncios que leio, também apresentam preços sem concorrência: Os supermercados Continente e a WooK, sendo esta também do Grupo Porto Editora. E é fantástico é que é precisamente neste período, habitualmente de maior procura e consequentemente mais venda, que surgem, como cogumelos, feiras, promoções, packs, e sei lá que mais. O livro não conta como livro, mas sim como um produto que suscita procura e em relação ao qual são feitas ofertas de venda, como em mais nenhum produto. Nunca consegui comprar arroz com 25% de desconto, nem trazer 300 gramas de fiambre pelo preço de 200 gr. E existe ainda, acho eu, uma lei do preço fixo do livro, criada há anos, ainda em vigor, que é inteiramente posta de parte. Tomei em atenção a queixa feita à fiscalização por um grupo de Livreiros Independentes. A Fiscalização aceitou a queixa, com base na violação da lei, mas a verdade é que quem foi fiscalizado continua a anunciar as mesmas condições de venda, essas, precisamente, que foram consideradas como violadoras da lei. Custa a perceber? Claro como a água…. Não cumprir a lei, compensa. Ou quem pode, pode. E entretanto já se passou o período mais acentuado das vendas, e regressa tudo ao rame rame habitual. De nada serve, mas os livreiros independentes têm toda a minha compreensão e vivo à distância os seus problemas, que também já foi meu. É uma atitude quixotesca, mas quando compro livros, vou a uma livraria, e não aos armazéns de livros que actualmente abundam por todo o lado, porque nas livrarias encontro pessoas que falam a minha linguagem e sei orientar-me entre os livros expostos. E cada vez gosto mais de velhos livros … Sinto-lhes a alma… E uma coisa é certa; quem foi livreira uma vez, é livreira por toda a vida. É um tipo de doença crónica, sem cura e para a qual não há vacina… Esperemos pelos próximos episódios, que já antevejo: Pode David lutar contra Golias?...

terça-feira, 8 de outubro de 2013

sábado, 28 de setembro de 2013

A Minha Gata

A Minha Gata
João Paulo Cotrim
Companhia das Ilhas
«A minha gata ronrona cada nascer do sol ao qual prefere assistir acompanhada».

Leituras

A Gazeta das Caldas publicou esta semana um artigo intitulado «Das Leituras, dos livros mais marcantes e dos dias de descanso», em resultado de um inquérito realizado aos candidatos à Câmara. Muito interessantes as respostas. Se o voto fosse escolhido em função das leituras efectuadas, era um bico de obra chegar a uma conclusão.

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Galeria Bordaliana - Rodoviária do Tejo

Uma Galeria Bordaliana na Rodoviário do Tejo?

Muito temos lamentado o estado em que se encontram as paredes das Caldas da Rainha.

Mas há sempre uma excepção à regra.

Ultimamente dois os três prédios da cidade lavaram a cara e dão nas vistas pelo ar airoso com que se apresentam.

Muito visível, por ocupar toda um quarteirão, toda a parede da Rodoviária do Tejo que dá para a Rua Dr. Leão Azedo.

Branca, limpa, arranjada a pedir que se transforme numa galeria citadina. Posso dar uma ideia: que seja decorada com as figuras de movimento do Bordalo Pinheiro.

Que bem que ali ficavam, nesta nova rua pedonal convidativa ao passeio dos mais velhos e às brincadeiras da pequenada, os bonecos dançantes de Rafael: A Ama para tomar conta da miudagem; a Maria da Paciência para aconselhar atitudes; o Padre para abençoar os crentes; a Saloia para dar um pezinho de dança; o sacristão para incensar os ares; o Zé Povinho para balançar ao som da música dos políticos; o Policia para impor a lei …

E não íamos esquecer os restantes que se juntavam ao rancho…

Aqui fica a ideia à consideração da Rodoviária do Tejo ao mesmo tempo que a felicito pelos benefícios efectuados no interior da gare, onde até vasos de flores dão as boas vindas a quem chega e se despedem de quem parte.

Um exemplo a seguir pelo cuidado demonstrado na conservação dum edifício marcante da cidade. O meu agradecimento como utilizadora e as minhas felicitações como caldense. 

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Os Gatos do Google


Hoje os gatos tomaram conta do Google!
126.º Aniversário de Erwin Schrdingers
Prémio Nobel da Física de 1933

sábado, 27 de julho de 2013

As Moscas

Li, nos jornais locais, que presentemente por estas bandas existe um grande problema que tem dado muitas dores de cabeça a muito boa gente.

De que se trata? De moscas… Quem diria que num país com tantos problemas, com tantas danças políticas, com tantos fandangos autárquicos, surgia agora o problema motivado por tão irrequieto insecto. Como a leitura das notícias referentes a tão insólito fenómeno, me deixou muitíssimo preocupada, tentei encontrar uma solução para tão exótico acontecimento.

Li, li, reli e eis que ... Eureka!

Solução à vista: desenhada por Rafael Bordalo Pinheiro, numa página d’O António Maria de 1892. Título: A Política. 

As moscas todas metidas dentro de uma gaiola. O Zé Povinho toma conta delas não vá alguma dar de frosques!

Um pequeno senão … estas moscas são os políticos, tão chatos como as moscas propriamente ditas. Estão ambos,em boa companhia, os políticos e as moscas, bem aferroados na gaiola. 

Há que confiar no Zé Povinho para que não deixe escapar nem os politicos nem as moscas...

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Bordalo vai ao Teatro

 Rafael Bordalo Pinheiro
Imagens e Memórias de Teatro
Autor: Maria Virgílio Cambraia LOpes
Edição: Museu Bordalo Pinheiro / Imprensa Nacional Casa da Moeda
Tiragem: 1000 Exemplares - 1.ª Edição Fevereiro  de 2013 

Zé Chucha
(Museu Rafael Bordalo Pinheiro)

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Sá da Costa

Livraria Sá da Costa

A notícia era esperada. Amanhã sábado, a Livraria Sá da Costa fecha as suas portas. Situada em pleno Chiado, um dos lugares privilegiados da baixa Lisboa, mais uma livraria que encerra.

Como livreira tive contactos assíduos com a editora Sá da Costa, cujos escritórios se situavam um pouco mais acima, no Largo Camões, num velho prédio pombalino, que tinha umas escadas que pareciam que terminavam no céu.

O catálogo da Sá da Costa, era um catálogo escolhido, principalmente, de autores portugueses, de que hoje já não se fala, e que desapareceram completamente do mercado. Alguns, ainda se vão encontram nos alfarrabistas.

Mas hoje em dia, quem lê? - António Sérgio, Frei Luis de Sousa, Vergílio, Cavaleiro de Oliveira, D. Francisco Manuel de Melo, Albino Forjaz Sampaio, Rodrigues Lobo, João de Barros, Diogo do Couto, Sá de Miranda, Diogo do Couto, e tantos mais … Fernão Mendes Pinto, Bocage, António Gedeão …

Com umas edições sóbrias onde predominava o castanho, as capas dos seus livros possuíam uma linha identificativa, simples e agradável.

Hoje são, na sua grande maioria, autores sem leitores.

Não se passou assim tanto tempo, mas os hábitos de leitura alteram-se radicalmente. Para bem ? para mal? Escuso-me de comentar. Como em tudo, há excepções.

Esses livros, não estão na moda; não possuem capas brilhantes, nem títulos enigmáticos a focar a atenção do futuro leitor para conteúdos surpreendentes.
Relembrei algumas edições da Sá da Costa. A partir de domingo, nem livros, nem livraria.


Lamento o desaparecimento de mais uma livraria.Não restam dúvidas que os tempos actuais são mortíferos para com a cultura …

Na minha última visita à Livraria Sá da Costa, feita talvez no início deste ano, encontrei lá a pintar um artista de origem asiática. Pintava gatos com o formato dos símbolos da caligrafia oriental. Comprei um gato. É preto, elegante, de cauda erguida, porte elegante e focinho meigo. É a minha útima recordação da Sá da Costa, que vive junto a todos os  meus gatos que são lembranças de vivências. 

sábado, 6 de julho de 2013

O caso em que os «os» fazem toda a diferença



Um dos elementos identificadores de um livro, é o seu título. E estou em crer que tanto o autor como o editor desejam que o livro escrito e editado seja possível de identificar sem qualquer equívoco. O título também é demonstrativo do cuidado como a edição é tratada, pretendendo-se que ele seja único.

Tenho notado que esse cuidado está um bocado esquecido, pois surgem no mercado livros com título iguais ou muito parecidos, proporcionando confusões.

É o caso de um livro surgido ultimamente e de grande divulgação na SIC, que tem o título «Sete Minutos», precisamente o mesmo título de um livro de Irving Wallace, que foi um grande sucesso, salvo erro, nos anos 80: «Os Sete Minutos», considerando pelo autor o tempo médio que uma mulher leva a atingir o orgasmo.

A publicação de um livro com o mesmo título, é cópia, distracção, ou ignorância?

Ou basta «os» para fazer toda a diferença?

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Senhora Deitada Lendo um Livro

Almada Negreiros
Sem Título (Senhora deitada lendo um livro)
Grafite sobre papel, 1928
Colecção CAMJA/FCG
Fotografia de José Manuel Costa Alves
in: Almada Negreiros, Rui-Mário Gonçalves, Caminho

Uma imagem bela e serena em contraponto aos tempos conturbados que vivemos...

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Museu Rafael Bordalo Pinheiro - Novas Aquisições


CICLO NOVAS AQUISIÇÕES

O Ciclo Novas Aquisições pretende apresentar, com periodicidade trimestral, as mais recentes peças inseridas no seu acervo (depois da reabertura do Museu em 2005), e nunca antes expostas ao público. Os visitantes terão acesso a informação detalhada da mesma e co-relacional às colecções do Museu e à obra de Rafael Bordalo Pinheiro.

Para esta quarta peça do Ciclo foi selecionado o exemplar
Prato Arte Nova, peça rodada em barro vermelho vidrado, da autoria de Rafael Bordalo Pinheiro. Datada de 1905, esta é uma peça curiosa pela sua posição de charneira na produção cerâmica de Bordalo, revelando já a adesão assumida às novas tendências da Arte Nova. Foi adquirida em leilão pelo Museu Bordalo Pinheiro em 2005.

Esta mostra está patente de 18 de Junho a 31 de Agosto, no 1º piso do Museu Bordalo Pinheiro, de Terça a Sábado, das 10h00 às 18h00.

sábado, 15 de junho de 2013

Compositores do Período Barroco - Parabéns Zé Ricardo

Compositores do Período Barroco
José Ricardo Nunes
Deriva
Apresentação: dia 15 de Junho, 21,30 Horas, CCC

PORTA, Giovanni
(c.1675-1755)

«Por fixar mantém-se a data
do meu nascimento. Já a da morte
não oferece dúvidas:
testemunhos, papéis, o lastro
de uma vida inteira não a permite ignorada
e converge
nesse momento breve
que nos fecha e atribui, definitivo,
o sentido procurado em vão.
Depois até parece fácil,
que não podia ser
doutra maneira, já estava escrito.»

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Parabéns Fernando Pessoa / Santo António / Zé Povinho

Fernando Pessoa - Caricatura de António
Caricaturas do Metro Aeroporto, Documenta

 Santo António com o Menino ao colo
Fábrica de Faianças das Caldas da Rainha


Zé Povinho e Rafael Bordalo Pinheiro - Caricatura de António
Caricaturas do Metro Aeroporto, Documenta

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Santo António - 13 de Junho

O Milagre das Bilhas
Barro Vidrado policromo, peça modelada. Representação de Santo António consolando uma jovem que tem a seus pés uma bilha partida.
Manuel Gustavo Bordalo Pinheiro.
(Catálogo Manuel Gustavo Bordalo Pinheiro: obra gráfica e cerâmica. MC-CR

Fernando Pessoa
SANTO ANTÓNIO

Nasci exactamente no teu dia —
Treze de Junho, quente de alegria,
Citadino, bucólico e humano,
Onde até esses cravos de papel
Que têm uma bandeira em pé quebrado
Sabem rir...
Santo dia profano
Cuja luz sabe a mel
Sobre o chão de bom vinho derramado!

Santo António, és portanto
O meu santo,
Se bem que nunca me pegasses
Teu franciscano sentir,
Católico, apostólico e romano.

(Reflecti.
Os cravos de papel creio que são
Mais propriamente, aqui,
Do dia de S. João...
Mas não vou escangalhar o que escrevi.
Que tem um poeta com a precisão?)

Adiante ... Ia eu dizendo, Santo António,
Que tu és o meu santo sem o ser.
Por isso o és a valer,
Que é essa a santidade boa,
A que fugiu deveras ao demónio.
És o santo das raparigas,
És o santo de Lisboa,
És o santo do povo.
Tens uma auréola de cantigas,
E então
Quanto ao teu coração —
Está sempre aberto lá o vinho novo.

Dizem que foste um pregador insigne,
Um austero, mas de alma ardente e ansiosa,
Etcetera...
Mas qual de nós vai tomar isso à letra?
Que de hoje em diante quem o diz se digne
Deixar de dizer isso ou qualquer outra coisa.

Qual santo! Olham a árvore a olho nu
E não a vêem, de olhar só os ramos.
Chama-se a isto ser doutor
Ou investigador.

Qual Santo António! Tu és tu.
Tu és tu como nós te figuramos.
Valem mais que os sermões que deveras pregaste
As bilhas que talvez não concertaste.
Mais que a tua longínqua santidade
Que até já o Diabo perdoou,
Mais que o que houvesse, se houve, de verdade
No que — aos peixes ou não — a tua voz pregou,
Vale este sol das gerações antigas
Que acorda em nós ainda as semelhanças
Com quando a vida era só vida e instinto,
As cantigas,
Os rapazes e as raparigas,
As danças
E o vinho tinto.

Nós somos todos quem nos faz a história.
Nós somos todos quem nos quer o povo.
O verdadeiro título de glória,
Que nada em nossa vida dá ou traz
É haver sido tais quando aqui andámos,
Bons, justos, naturais em singeleza, Que os descendentes dos que nós amámos
Nos promovem a outros, como faz
Com a imaginação que há na certeza,
O amante a quem ama,
E o faz um velho amante sempre novo.
Assim o povo fez contigo
Nunca foi teu devoto: é teu amigo,
Ó eterno rapaz.

(Qual santo nem santeza!
Deita-te noutra cama!)
Santos, bem santos, nunca têm beleza.
Deus fez de ti um santo ou foi o Papa? ...
Tira lá essa capa!
Deus fez-te santo! O Diabo, que é mais rico
Em fantasia, promoveu-te a manjerico.

És o que és para nós. O que tu foste
Em tua vida real, por mal ou bem,
Que coisas, ou não coisas se te devem
Com isso a estéril multidão arraste
Na nora de uns burros que puxam, quando escrevem,
Essa prolixa nulidade, a que se chama história,
Que foste tu, ou foi alguém,
Só Deus o sabe, e mais ninguém.

És pois quem nós queremos, és tal qual
O teu retrato, como está aqui,
Neste bilhete postal.
E parece-me até que já te vi.

És este, e este és tu, e o povo é teu —
O povo que não sabe onde é o céu,
E nesta hora em que vai alta a lua
Num plácido e legítimo recorte,
Atira risos naturais à morte,
E cheio de um prazer que mal é seu,
Em canteiros que andam enche a rua.

Sê sempre assim, nosso pagão encanto,
Sê sempre assim!
Deixa lá Roma entregue à intriga e ao latim,
Esquece a doutrina e os sermões.
De mal, nem tu nem nós merecíamos tanto.
Foste Fernando de Bulhões,
Foste Frei António —
Isso sim.
Porque demónio
É que foram pregar contigo em santo?

Fernando Pessoa: Santo António, São João, São Pedro. Fernando Pessoa. (Organização de Alfredo Margarido.) Lisboa: A Regra do Jogo, 1986.

domingo, 2 de junho de 2013

Carta a Mia Couto - Prémio Camões 2013


Caro Mia Couto:

Votos de bem-estar e espero que esta mensagem o vá encontrar de boa saúde no seu longínquo e belo país de mar infindo.

O hábito de escrever cartas passou de moda, mas para mim que não sou propriamente uma jovem, a carta ainda é um meio de comunicar com as pessoas de que gostamos e que se encontram lá longe.

Esta semana foi-lhe conferido o Prémio Camões. O mais privilegiado prémio literário em língua portuguesa a ser concedido aos escritores que se expressam nesta nossa tão bela e mal tratada língua. Foi muito bem entregue.

Fiquei muito feliz. Uma alegria forte, bem sentida cá no fundo do meu coração. Porque gosto de si e gosto dos seus livros, que me conduzem a um mundo com os cheiros, névoas e sombras em tudo semelhantes às terras da minha juventude.

Tive a alegria e a honra de o receber por quatro vezes na minha livraria, bem distante da sua terra natal; nas Caldas da Rainha, a Loja 107.

Entretanto as coisas mudaram e muito. Tive que fechar a Livraria, porque se alterou drasticamente todo o negócio do livro. Hoje, este, não é um livro é um produto. Grandes grupos económicos, simultâneamente editores e livreiros, dominam o mercado, juntamente com os supermercados e a Fnac. Os livros publicados são muitos, tantos que até é difícil identificá-los. Quanto aos seus conteúdos abstenho-me de me pronunciar, porque não sendo crítica literária, corro o risco de ser injusta para um qualquer livro menos cinzento… Tornou-se inviável manter uma livraria nas actuais condições de mercado, num país em que a leitura está longe de ser uma prioridade. E a 107, fechou…

A vida neste país está muito difícil ; neste país que também é um bocadinho seu.

Recordo com muita saudade as suas visitas. Lembra-se das frutas exóticas que lhe foram oferecidas ao som de uma música dançada ao ritmo africano?

Ainda tem o gato bordaliano que quis que passasse a fazer parte da sua vida? Ele tem-se portado bem?

Lembra-se de ter tido a ousadia de lhe ter dito que era um homem bonito, o que o fez corar um pouco?

Sabe que vive em minha casa um gato da Danuta Wojciechowska, talvez fugido do seu livro “O Gato e o Escuro”. Acredite ou não, enquanto lambemos as nossa feridas, mantemos  grandes conversas sobre o que vamos lendo e muitas vezes não estamos de acordo.

Na última vez que cá esteve, em 2008, dedicou-me um autógrafo muito especial “À Isabel com a promessa de eterno retorno”.

Lanço-lhe um desafio, que é simultaneamente um desejo: quando tornar a Portugal a apresentar um seu novo livro, venha até às Caldas da Rainha. Faça desta cidade uma terra de eterno retorno, porque cá vive uma livreira, que tem pelos seus escritores um carinho muito especial e muitas saudades...

Isabel Castanheira
Ex Loja 107, Livraria Lda

quarta-feira, 29 de maio de 2013

APRe!

A APRe! -Aposentados, Pensionistas e  Reformados, é uma Associação constituída em 22 de Outubro de 2012, em Coimbra, onde tem a sua sede, e que tem como objectivo lutar pela defesa dos aposentados, pensionistas e reformados consignados na Constituição da República Portuguesa.
Neste momento tem delegações em Lisboa e no Porto e está a a constituir um núcleo na zona oeste,o qual deverá englobar, numa fase inicial, os concelhos de Peniche, Lourinhã, Bombarral, Cadaval, Óbidos e Caldas da Rainha.
Para sua apresentação, irá realizar-se uma reunião nas Caldas da Rainha, no próximo dia 31 de Maio, 6.ª feira, pelas 17,00 Horas, no Auditório da Câmara Municipal, onde estarão presentes membros da Direcção da APRe!, nomeadamente a Presidente Maria do Rosário Gama e o Vice-Presidente Fernando Matins, da coordenação do Núcleo do Oeste, e para a qual se convidam todos os interesados a participarem. 

sábado, 4 de maio de 2013

Caldas de Felgueira - Termas







Vivo nas Caldas da Rainha e vim a águas para Caldas de Felgueira. Quando aqui cheguei e me perguntaram a morada, não pude deixar de notar uma certa surpresa perante a minha resposta. Vir das Caldas, das famosas caldas cá para cima a cerca de 300 quilómetros, a banhos?
Pois é; é triste mas é verdade.
Este é um sítio aprazível, sossegado, de pessoas muito simpáticas e com umas águas, cujo resultado, até então se tem mostrado benéfico.
Pelo que percebi também estas termas passaram por uns tempos mais difíceis, sujeitaram-se a benefícios e cá estão elas a funcionar em pleno. Tem termas e Spa e principalmente utilizadores.
Será assim uma coisa tão difícil de fazer nas Caldas da Rainha?
Porque é que os caldenses se matam a pensar, a ameaçar fazer, e não executam? Era melhor falarem menos naquelas improdutivas discussões relatadas pelos jornais e actuarem mais. Lá vão as termas das Caldas para o "maneta"; vão ou já foram?
Quem pode que actue e reverta a situação custe o que custar! Que interessa elas existirem na posse do estado se estão fechadas?
Fazer termas não é um luxo; é uma necessidade para certas doenças que com a seu utilização se podem debelar, sem a agressividade dos químicos da medicina convencional.
E este problema visto de longe ainda é mais doloroso, porque aqui em Caldas de Felgueira, não encontrei nada que as Caldas não pudesse ter.
E Caldas da Rainha sofre de um mal; tudo leva séculos a ser resolvido e a fazer-se. Dá a sensação que as energias são todas direccionadas para a discussão fátua dos problemas.
Quem me dera a mim, da próxima vez que necessidade de fazer termas, fazê-las nas Caldas, não só por estar em casa, mas principalmente porque era sinal que os caldenses tinham resolvido o grande problema que faz com que a sua cidade vá agonizando pouco a pouco.

quinta-feira, 2 de maio de 2013

A Redenção das Águas - As Peregrinações de D. João V à Vila das Caldas

ÀS 16:30 no Centro Cultural e de Congressos
A REDENÇÃO DAS ÁGUAS - As peregrinações de D. João V à Vila das Caldas
CARLOS QUERIDO

"Este romance leva-nos até aos anos entre 1742 e 1750 através da narração intimista de Pedro Fontes, criado do Infante D. Manuel, tendo por pano de fundo as angústias do rei absoluto e magnânimo, consciente da sua mortalidade física, aterrorizado com a possibilidade de não alcançar a imortalidade bemaventurada. Ao longo da narrativa, surgem referências ao mito do V Império e do Eterno Retorno, a propósito do suplício de Pedro Rates de Henequim, que veio "oferecer" ao Infante D. Manuel o império do Brasil, convicto de que ali se situou o paraíso terrestre, acabando por perecer na fogueira da Inquisição em auto de fé. À voz Pedro junta-se a de Sara, a filha ilegítima do rei (que no romance vive na vila das Caldas, mas que na realidade histórica viveu e morreu num convento em Lisboa). Foi nesta vila, a 6 de Agosto de 1742, que D. João V reconheceu os seus três filhos ilegítimos, filhos de três freiras do convento de Odivelas. Ao lado de um terror da morte que, como diz o narrador, retira todo o sentido à forma cuidadosa como organizámos a vida, com total desprezo e insensibilidade por títulos, precedências e protocolos, nasce um amor que parece abrir um rio de possibilidades. Uma época fascinante vai-se soltando do fio da narrativa como se de um quadro se tratasse, uma pintura capaz de incluir o perfume do barro e dos veludos."

A não faltar! E depois ficamos para ver
Espectáculo de Marionetas
A Ver Navios no reinado de D. João VI e Carlota Joaquina
Às 18:30

1807, Novembro. Quase às portas de Lisboa as tropas de Napoleão ameaçam fazer capitular o Rei, como já aconteceu por toda a Europa e mesmo com a vizinha Espanha com quem tinha anteriormente feito uma coligação. No gabinete D. João VI reúne com os seus conselheiros..... (Não esquecer de comprar bilhete)

sábado, 27 de abril de 2013

Agrupamento de Escolas Rafael Bordalo Pinheiro

Pelas últimas notícias vindas a lume, tudo voltou a ser o que devia. O Agrupamento de Escolas vai ter o nome de Rafael Bordalo Pinheiro.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Agrupamento de Escolas Rafael Bordalo Pinheiro / Santa Catarina

Hoje a notícia espalhou-se como um rastilho.

Ao agrupamento de Escolas, Rafael Bordalo Pinheiro e de Santa Catarina, tinha sido dado o nome de Agrupamento de Escolas de Santa Catarina. Por muito respeito que me mereça Santa Catarina e respectiva Santa, o nome de Rafael Bordalo Bordalo é muito mais importante para as Caldas do que o da santinha.

Andamos em maré de azar. Fecham-nos o Hospital, retiram o nome de Bordalo Pinheiro à mais antiga escola da cidade;  o que mais nos vai acontecer? Parece haver uma malapata para com as Caldas. Nada por cá corre bem. E eu a pensar que ainda havia uma coisa que dava pelo nome de bom senso...

Santa Catarina que é a protectora contra os acidentes de trabalho, nos valha!

Como não concordo que a Escola Rafael Bordalo Pinheiro ao ser integrada num agrupamento, perca o seu nome de que nós caldenses tanto nos orgulhamos,  como caldense e no pleno direito do meu direito de cidadania participativa, passo a partir deste momento a  recolher assinaturas para uma petição pública, a ser entregue ao Ministério da Educação, para que o nome de Rafael Bordalo Pinheiro seja reposto à nossa Escola.

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Ser ou não ser Livreiro

Ser ou não ser Livreiro

Esta foi para mim uma semana feliz .

Uns dias atrás recebi uma mensagem electrónica de um livreiro alfarrabista, em que ele me comunicava que tinha na sua posse um pequeno livro com uma capa desenhada por Rafael Bordalo Pinheiro.

Nem hesitei um segundo; conhecido o título e como tal não pertencia ao meu acervo bordaliano, apressei-me a pedir o seu envio. No dia seguinte lá estava na minha caixa de correio um envelope verde contendo no meu interior uma preciosidade. Um livrinho pequenino de 10x15 cms, da autoria de Fernando Caldeira e editado em 1881.

Na capa envolvido numa esquadria, um desenho assinado por Rafael Bordalo Pinheiro. Sobre a ilustração desenhado “A mosca”. Em fino traço de tinta de china, rico de pormenores, várias moscas varejam. Uma delas, imponente, de asas abertas colocada no centro da composição gráfica, parece reinar sobre tudo e todos, vigilante à mais pequena prevaricação. Uma composição digna de Bordalo. A mosca na iconografia bordaliana desempenha muitas vezes o papel do político chato, que se intromete, que pouco mais sabe do que voar em nosso redor. E nós com um grande desejo de lhe dar uma mortífera palmada… Aí o que eu gosto de moscas!...

Mas o que eu quero salientar é o facto de um livreiro, em Lisboa, com quem não tenho muito contacto, quando lhe veio parar às mãos uma peça que sabia que seria do meu agrado, contactou-me e eu, …. Que havia de fazer? Fiquei-lhe com o livro. É o que se chama saber do ofício e ser Livreiro. Porque há: livreiros, vendedores de livros e arrumadores de prateleiras. E ainda há outros que são os que vendem produtos; e estes são muitos e mauzinhos…

Ao Luís da Livraria Artes e Letras do Largo Trindade Coelho, em Lisboa, parabéns pelo seu profissionalismo, o meu obrigada e que nunca se esqueça de mim.

E como na sua Livraria também há um gato livreiro, como eram os meus Gil Vicente e Florbela Espanca, daqui vão umas torrinhas.



terça-feira, 9 de abril de 2013

Exposição Manuel Gustavo Bordalo Pinheiro




Exposição Através do Traço
Manuel Gustavo Bordalo Pinheiro
Galeria do Museu Bordalo Pinheiro
20 de Abril a 14 de Setembro 2013
Museu Rafael Bordalo Pinheiro - Lisboa

domingo, 7 de abril de 2013

Nova Nota do Banco da Europa

                                              Banco da Europa - 100 Ecus
                                                        Jorge Delmar

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Encontros Vicente 88

Música, teatro, exposições e edições, um vasto leque de actividades a homenagear e estudar Gil Vicente, no ano de 1988, cá nas Caldas da Rainha

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Zé Povinho no Google - Parte II

No outro dia comemorando a data de nascimento de Rafael Bordalo Pinheiro a página do Goggle surgiu com um Zé Povinho tendo ao lado uma albarda.
Os meus postes são muito parcos em comentários. Diga-se a verdade que também não tenho por hábito comentar os blogues que leio, principalmente os dos amigos.
Mas em resposta a este poste do Zé Povinho recebi nada mais nada menos que 11 comentários, dos quais 7 me ofereciam  viagra. Como tenho activado a aceitação prévia dos comentários recebidos, recusei a sua publicação.
Hoje fui visitar o blogue do meu amigo Nicolau Borges que também realçou a iniciatica do Google. E lá tem ele alguns comentários a oferecer viagra. Tal associação faz-me espécie e dá-me que pensar. Todos os comentários são estrangeiros. Serás que lá por fora se pensa que o Zé Povinho precisa de viagra? Tem o português assim uma imagem tão fracalhota? Alguém nos quer dizer que o Zé Povinho deverá tomar um atitude mais viril relativamente ao momentos que está obrigado a viver?
Está fraco, está fraquito o rapaz...

quarta-feira, 27 de março de 2013

A Nobre Arte da Caricatura

Stuart e os seus Bonecos
Prefácio de Aquilino Ribeiro
Livros «Bom Humor de Algibeira» s/d
O Fenómeno
Cartoons de António & Cid
Prefácio de Mário Soares
Assírio & Alvim, Janeiro de 2005
Bem dita Crise!
Cartoons do «Inimigo Público» 2003-2012
António Jorge Gonçalves
Documenta, 2012

Três livros de caricatura de autores de diferentes épocas, mas todos eles retratam a realidade de então, com uma agudeza e com um espírito crítico, que nos fazem considerar a caricatura como um imprescíndível e demolidor elemento de análise social.
Os tempos são benéficos e inspiradores para a caricatura, com um único senão: são tempos negros.