Cavacos das Caldas
CAVACOS DAS CALDAS II

DICIONÁRIO GRÁFICO BORDALIANO

alguns livros, cerâmicas, belos gatos e algo mais...



segunda-feira, 31 de março de 2008

domingo, 30 de março de 2008

Leituras

O RISO E O RISÍVEL NA HISTÓRIA DO PENSAMENTO
VERENA ALBERTI

"Finalmente, a quem interessaria este estudo? Primeiro, àqueles que pretendem conhecer um pouco mais sobre a questão do riso propriamente dita. Segundo, aos que interessam por como o homem andou pensando aquilo que o tornava específico em relação aos animais e a Deus. (Pensar o riso sempre significou posicionar-se, ou posicionar o objeto das próprias reflexões, em um terreno intermediário entre a razão, porque o riso é "próprio do homem" e não dos animais, e a não-razão - a "paixão", a "loucura", a "distracção", o "pecado" etc. -, porque o riso não é próprio de Deus. ) Por fim, aos que conferem ao riso, ao humor, à ironia um potencial de redenção para o pensamento, como se fossem hoje as únicas vias ainda capazes de nos levar à "verdade", este estudo talvez sirva de alerta: se o objetivo for constatar a "outra face" revelada pelo humor, o riso, etc., é bom saber que autores de outrora já o fizeram, e com bastante eficácia."

[O Riso e o Risível na História do Pensamento. Verena Alberti. Jorge Zahar Editor. Rio de Janeiro. 2002, 2.ª Edição. ISBN 85-7110-490-5]

Leituras

PORTUGAL O RISO E A ALMA
O Velho programa constitucional
Chico Lisboa

A Marselheza continua obtendo sucesso com todo o Governo Civil
Leal da Camara

[Portugal o Riso e a Raiva. Texto, selecção e organização de A. Farinha de Carvalho. Desenhos de Leal da Camra, J. Silva. Trindade Correia e Chico Lisboa. Vega. Colecção Artes/Ilustradores. 1.ª Edição 1991.
ISBN 972-699-286-9.]

sábado, 29 de março de 2008

271.ª Página Caldense

I CONGRESSO DAS ACTIVIDADES DO DISTRITO DE LEIRIA
DE 23 A 26 DE SET. MCMXLIII
PROGRAMA ITINERÁRIO

"O Distrito de Leiria está dando ao país um nobre exemplo de patriotismo."
Do discurso de 6 de Maio de 1932, proferido pelo Ministro do Interior, Dr. Mário Pais de Sousa.

"Informações Importantes (extratexto)

- Para a festa de gala nas Caldas da Rainha, na noite de 26, o traje é rigorosamente de casaca ou smoking, para os Homens e o correspondente para as Senhoras.
- Recomenda-se a colocação do emblema triangular na lapela, e do emblema circular nos automóveis.
- Pede-se aos Srs. Congressistas, que tenham lugares disponíveis nos seus carros, a favor de neles admitirem Srs. Congressistas, facilitando assim as deslocações a fazer.
- A Secretaria do Congresso, que funciona no Teatro D. Maria Pia em Leiria, presta todos os esclarecimentos necessários."

[Folheto com 9 páginas numeradas + capas. Dimensões: 16,80 x 22 cms. Composto e impresso na Imprensa Lucas & C.ª - Rua do Diário de Notícias 59 - 61, Lisboa.]

sexta-feira, 28 de março de 2008

270.ª Página Caldense

AS TRÊS LEONORES

"Guache Dr. João Carlos C. Gomes. [Postal edição do Centro Hospitalar de Caldas da Rainha]"
"Estátua de Francisco Franco a levantar nas Caldas da Rainha. O produto da venda desta edição, destina-se ao monumento à Fundadora das Misericódias de Portugal. Ecogravura Lda. Rua da Rosa, 273, Lisboa."
"Rainha D. Leonor de Lencastre. Fundadora das Caldas da Rainha e das Misericódias de Portugal. Quadro de José Malhoa gentilmente oferecido ao povo das Caldas da Rainha. O produto da venda desta edição reverte a favor da edificação do monumento à memória da fundadora das Caldas. Tricromia e impressão de Bertrand (Irmãos) Ltd. Travessa da Condessa do Rio, 27. Lisboa."

quinta-feira, 27 de março de 2008

269.ª Página Caldense

"Vejo o seu blog com alguma frequência, e tudo que se refere a Caldas. Vivi lá entre 1948 e 1962.No álbum da minha mulher, encontrei esta antiga foto. Não sei se tem interesse. Os foliões são: Da esquerda para a direita, José Braz meu sogro, o senhor Môsca que era ceramista e tinha uma loja de venda ao público na R. da Liberdade a seguir à Farmácia Freitas, e o terceiro era o senhor João Teodoro que me parece ter tido um bar ou taberna na R. Heróis da G. Guerra frente aos Capristanos.Com os meus cumprimentos.-- Fernando F. Santos" [fotografia e mensagem recebida por email][em plano de fundo, quem? Bordalo Pinheiro!]

Os meus agradecimentos a Fernando Santos pela sua partilha das memórias caldenses.

Nota: Terei todo o prazer em "postar" as informações que me sejam enviadas referentes a factos caldenses. Tornar disponível o maior leque de informações sobre as Caldas da Rainha, é o meu principal propósito. Por isso, todas as colaborações são bem-vindas.

Autora Caldense


A publicação de um livro é sempre motivo de regozijo para quem vive de e para eles.

Quando esse livro é escrito por uma menina caldense por quem a livreira sente um especial carinho, a alegria é mais intíma.

À Catarina, menina gentil que inicia um caminho no mundo dos livros e das histórias contadas, o nosso desejo de mil felicidades.

No próximo dia 5 de Abril (sábado) no Parque (Pópulos) - o cenário ideal onde os sonhos se podem transformar em realidade - pelas 18 Horas, a Catarina apresentar-nos-á o seu livro "O Mundo sem Solidão" .

Um história feita de descobertas, de doçuras e de sonhos.

Loja 107, partilhando leituras

terça-feira, 25 de março de 2008

268.ª Página Caldense

ALBUM DO ZÉ POVINHO DO PORTO
AAVV

"Desenho telegrama ao Zé Povinho:
Boa Viagem, Peço abrace amigos meu Pae Rio Janeiro.
Manuel Gustavo Bordalo Pinheiro.
Agosto 1908. Caldas da Rainha."

[Album do Zé Povinho do Porto. AAVV. Este Album foi executado em 1908 na cidade do Porto, nas seguintes casas: Gravuras na casa Marques Abreu & C.ª, Rua de S. Lazaro, 310; Chromos Lytographia Nacional, Rua de Malmerendas; Composição e Impressão a 1.ª folha na Typographia Santos, Rua das Flores, 62 a 64, Encadernação na casa de Alexandre Duarte Correa, Rua de Santo André, 15-A.]

domingo, 23 de março de 2008

Quinta Feira Santa


EM QUINTA FEIRA SANTA
RAFAEL BORDALO PINHEIRO
O ANTÓNIO MARIA, 22 DE MARÇO DE 1883

"Rafael Bordalo Pinheiro, acompanhado por Alfredo Morais Pinto, que sob o pseudónimo de Pan-Tatantula foi colaborador n'O António Maria desde 1882. O Gato Pires, grande companheiro de Bordalo, de cartola e sobretudo, segura uma enorme caneta de aparo. A Procissão remete para o costume antigo de visitar as Igrejas por altura da Páscoa."

267.ª Página Caldense

ANALYSE CHIMICA DE AGOA
DAS CALDAS DA RAINHA
GUILHERME WITHERING

"As Caldas he huma agradavel pequena Villa, quasi doze legoas ao norte de Lisboa, e a estrada entre ellas he boa. Goza esta Villa de bons ares e alegres arredores, mas a sua celebridade he devida principalmente ás fontes medicinaes quentes, que ha muito tempo saõ grandemente estimadas, pela cura de varias queixas chronicas. Encerraõ-se estas fontes em hum famoso edificio de pedra, junto a hum nobre hospital de fundaçaõ Regia, aonde annualmente durante o verão saõ recebidos e tratados os doentes pobres, que de Lisboa para lá se enviaõ.

Além de hum poço que fornece as agoas para se beberem, ha quatro banhos cada hum apartado sobre si, em tres dos quaes a agoa nasce, mas de todos os que tem maior nascente he o banho dos homens, sendo quanto ao resto iguaes em grandeza. Pareceo-me que naõ havia differença sensivel entre a agoa do banho dos homens, e a do banho das mulheres, mas a temperatura deste ultimo he algum tanto mais fraca, parte pelo ar da casa ser menos restringido, parte tambem pela menor quantidade de agoa que nelle nasce. O banho dos homens tem 36 pés de comprimento, 9 de largura, e 2 pés e 8 pollegadas de altura de agoa, de modo que quando esta cheio na ordinaria medida, contém 864 pés cubicos de agoa, que a nascente fornece em pouco mais de um quarto de hora." [...] [Páginas 3 e 4]

[Analyse Chimica da Agoa das Caldas da Rainha por Guilherme Withering Doutor em Medicina, sócio da Acadmia R. das Sciencias de Lisboa, e da Sociedade R. de Londres. Lisboa, na Officina da Academia. 1795. Com licença de S. Magestade. Artigo Extrahido das Actas da Academia Real das Sciencias da Sessão de 11 de Dezembro de 1793. Bilingue: Português e Inglês. 61 Páginas numeradas + Capas. Dimensão: 13,40 x 19,10 cms.]

sexta-feira, 21 de março de 2008

266.ª Página Caldense


ÁLBUM DE MEMÓRIAS
JOSÉ HERMANO SARAIVA

"Dezembro, 6
(...) Foi esta a última festa que eu dei na pequena casa geminada com a casa do dr. Sá Machado. Convidei para isso principalmente jornalistas. Não podia servir num jantar de jardim, e à volta de uma pequena piscina, a louça do serviço da Companhia das Índias com marcadores de prata que servia na embaixada de S. Clemente. Para resolver o problema, voei para Lisboa, fui às Caldas da Rainha, e na Casa de Cerâmica de Rafael Bordalo Pinheiro encomendei três grandes caixotes com louça para uma refeição a que não podia chamar almoço nem jantar. Estávamos na altura de S. Martinho e resolvi introduzir o neologismo na língua brasileira: o Magusto. No Magusto o essencial eram as castanhas, a assar em pequenos fornilhos debaixo da terra, que os empregados da embaixada iam mantendo acesos. Tudo regado com dois ou três barris de vinho moscatel de Setúbal , que foram enviados directamente pela adega regional de Palmela. A louça era das Caldas, cerâmicas muito vistosas: as folhas de couve, os cachos de uva, toda aquela fantasia dezanoviana do Rafael Bordalo Pinheiro. A Maria de Lourdes insistia delicadamente, dizendo que a louça das Caldas não podia servir em caso nenhum numa embaixada. Mas o certo é que teve um êxito extraordinário. Os meus convidados faziam à saída, gentilmente, o elogio da louça, e pediam para levar uma recordação. Alguns levaram duas ou três recordações. Naturalmente cada um levou as que quis. Sempre que era possível, os empregados da embaixada lavavam a louça, que estava servida, embrulhavam-na e entregavam-na a quem pedia. Mas muitos nem sequer pediam: metiam os pratos debaixo da roupa que vestiam e saíam apressadamente. Recordo que no fim de servir o jantar, da baixela que eu tinha comprado para duzentas pessoas, já só restava um centro de mesa tão grande e tão pesado que ninguém o levou. Esse extraordinário êxito da louça das Calda numa festa de jornalistas foi, para mim uma lição. Há riquezas em Portugal que nós desconhecemos." [Página 15]

[Álbum de Memórias. 6.ª Década (Anos 70) II parte. O Tempo da Revolução. José Hermano Saraiva. Edição: O Sol é Essencial S.A. e António José Saraiva. ISBN 978-989-8120-06-9. 1.ª Edição: Julho de 2007. Tiragem: 27.500 Exemplares.]

quinta-feira, 20 de março de 2008

Convite para Bolonha

31 de Março a 4 de Maio de 2008 - Bolonha
Exposição: Ilustração Portuguesa Contemporânea para a Infância

domingo, 16 de março de 2008

265.ª Página Caldense

ESTÚDIO SECLA
UMA RENOVAÇÃO NA CERÂMICA PORTUGUESA

[Estúdio Secla. Uma Renovação na Cerâmica Portuguesa. IPM / Museu Nacional do Azulejo. dezembro de 1999 / Abril de 2000. Coordenação: Paulo Henriques. Investigação: Helena Gonçalves Pinto.
1.ª Edição, 1000 Exemplares. 1999. ISBN 972-776-037-6]

264.ª Página Caldense

TERRA DE ÁGUAS
CALDAS DA RAINHA HISTÓRIA E CULTURA

[Terra de Águas. Caldas da Rainha História e Cultura. Edição: Câmara Municipal das Caldas da Rainha. Coordenação: Luis Nuno Rodrigues, Mário Tavares, João B. Serra. 1.ª Edção, 1993. Tiragem 2500 Exemplares.]

quinta-feira, 13 de março de 2008

Visões Desconcertantes

HUMOR A LA CARTE
Chat c'est louche - photograph by H.M.Lambert (postal)

A Ver

ÁGUA COM HUMOR - V PORTO CARTOON
MUSEU DO HOSPITAL E DAS CALDAS
20 DE MARÇO

Leituras

QUAND LE CRAYON ATTAQUE
Images Satiriques et Opinion Publique en France, 1814-1918
Alfred le Petit
Les Artiheurs de la Piaice Humide, Vers 1871
La Caricature, 28 Fevier, 1880

Le Grelot, 22 Novembre 1891


[Quand le Crayon Attaque, Images Satiriques et Opinion Publique en France 1814-1918. Michel Dixmier, Annie Duprat, Bruno Guignard, Bertrand Tilier, préface de Jean-Noel Jeanneney. Editions Autrement, Paris.
Octobre de 2007. ISBN 978-2-7467-10528]

quarta-feira, 12 de março de 2008

263.ª Página Caldense

A brincar ao carnaval, nas Caldas da Rainha
[fotografia não datada; tirada em frente ao estabecimento comercial "João Ramos & C.ª."]

262.ª Página Caldense

ESTUDOS DE ARTE E CRÍTICA
LUIS VARELA ALDEMIRA

"Meus Queridos Filhos
Hoje (8 de Setembro de 1879, dia em que o Tomás atingiu 18 anos, idade exigida por lei para a emancipação) que já se acha na maioridade o mais moço dentre vós e que todos estão em pleno gozo dos seus direitos, entendi dizer-vos qual é o estado desta casa que subsiste ha perto de quarenta annos e que d'envolta com trabalhos, dissabores e também muitas alegrias, eu com vossa virtuosa mãe administramos por espaço de quasi trinta e sete anos e que com a annuencia de meus filhos maiores e dos credores ao cazal continuarei a administrar no decurso dos últimos trez annos subsequentes á grande fatalidade da sua perda." [...]

Manuel Maria Bordalo Pinheiro (pai de Rafael)

[Estudos de Arte e de Crítica. Luis Varela Aldemira da Academia Nacional de Belas Artes. O Pintor El Greco, Apostilas a Ricardo Jorge / Columbano, Apreciado por seu Pai Manuel Maria Bordalo Pinheiro / m. Teixeira Gomes / O Pintor Mário Augusto. Livraria Portugália. Rua do Carmo, Lisboa. 1942. Edição de 300 exemplares numerados e rubricados pelo autor. Exemplar n.º 292]

segunda-feira, 10 de março de 2008

261.ª Página Caldense

O FUTURO DAS CALDAS
SEMANÁRIO INDEPENDENTE, NOTICIOSO, AGRICOLA E LITERÁRIO
1 DE AGOSTO DE 1896
ANO I - N.º 1

"SALVÉ
É amanhã que a formosa e cavalheirosa villa das Caldas da Rainha, traja as suas mais ricas e estimadas galas, para receber, com a gentileza que lhe é característica e tradicional, Sua Majestade El-Rei D. Carlos I.

Sua Magestade acaba de dar mais uma vez preferencia à melhor e mais aprazível estação thermal do nosso paiz, vindo aqui residir durante o mez d'agosto.

E na verdade, não poderia escolher estação, que pelas suas condições climatericas e commodidades, podesse offerecer lhe garantias mais salutares e beneficas.

Caldas da Rainha, situada a 10 kilometros do mar, e a 8 kilometros da pittoresca Lagôa d'Óbidos, cintada de pinhais, contendo um Parque, Matta, magnificos passeios e avenidas onde abundam os platanos e frondosos e tapetes de relva, n'uma florescencia rica de vegetação por toda a parte, offerece no conjunto dos seus elementos naturais, um clima ameno, deleitoso, vivificante, um clima que podemos classificar - maritimo, mas sem os rigores que por vezes affectam esta especie de climas.

É um oasis, deveras convidativo para o touriste e principalmente para o doente, que reclama ar puro, e temperatura agradavel, no meio do deserto arido e quente da estação que corre.

A preferencia de El-Rei, além de ser uma honra para todos os caldenses, é também um valioso concurso para o engrandecimento e progredimento d'esta terra, padrão vivo, glorioso e immorredoiro, da caridade d'uma Rainha, a santa e virtuosa D. Leonor de Lencastre, esposa de El-Rei D. João II.

Prevemos pois, que a recepção de ámanhã, em que certamente tomarão logar: - o Senado Caldense, a Magistratura, a Administração, a Fiscalisação, o Militarismo, emfim, todas as entidades politicas, civis e ecclesiasticas, e o Povo, não será mais do que o simples inicio da solvencia d'uma divida de gratidão, contrahida pelos habitantes d'esta villa, para com El-Rei.

Será um hymno triumphante, entoado por milhares de vozes, em que o brio e a gentileza dos caldenses correrão a par da sua fidalguia proverbial.

O affecto que os caldenses tributam ao sr. D. Carlos, tem-se patenteado já largamente em annos preteritos, e estamos convencidos que, mais uma vez se patenteará, servindo para estreitar os laços de sympathia que E-Rei tem demonstrado, pelas Caldas da Rainha.

Nós, humildes representantes da imprensa local, associamo-nos expontaneamente à manifestação, fazendo votos para que Sua Magestade se demore bastante, entre os que do coração o estimam, e leve gratas recordações da sua estada aqui.

E bradamos: Salvé! El-Rei!"

[O Futuro das Caldas. Semanario Independente, Noticioso, Agrícola e Litterario. Director: Ricardo Vasques. Secretário de Redacção: A. Sotto Maior. Administrador: Augusto Rodrigues. Redacção e Administração: Rua de S. Sebastião, n.º 23, 1.º - Caldas da Rainha]

O meu agradecimento ao Joaquim Saloio pela partilha desta fonte bibliográfica caldense.

Café Literário

AUTORA CONVIDADA:
IRENE FLUNSER PIMENTEL
PRÉMIO PESSOA 2007


"Irene Flunser Pimentel é licenciada em História pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, mestre em História Contemporânea (Século XX) e doutorada em História Institucional e Política Contemporânea, pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Elaborou diversos estudos sobre o Estado Novo, o período da II Guerra Mundial, a situação das mulheres e a polícia política durante a ditadura de Salazar e Caetano.
É investigadora do Instituto de História Contemporânea, autora do livro História das Organizações Femininas do Estado Novo, dos textos relativos a Portugal da obra Contai aos Vossos Filhos. Um Livro sobre o Holocastro na Europa, 1933-1945, de Judeus em Portugal durante a Segunda Guerra Mundial. Em Fuga de Hitler e do Holocaustro, e Vítimas de Salazar. Estado Novo e Violência Política, em co-autoria com João Madeira e Luis Farinha. No prelo encontra-se o livro Um País de Refúgio, Os Refugiados em Portugal. 1933-1945 (a sair na Alemanha).
Foi distinguida com o Prémio Pessoa 2007"
Café Literário
Pópulos - Parque D. Carlos I
Dia 14 de Março (sexta-feira) - 21,30 Horas
Loja 107, partilhando leituras com a cidade

sexta-feira, 7 de março de 2008

260.ª Página Caldense

PORTUGAL DE RELANCE
MARIA RATTAZZI

"Entrámos nas Caldas às seis horas da manhã. Todas as ruas das adeias parecem-se umas com as outras; sempre as mesmas pedras agudas e hostis, as mesmas crianças bronzedas pelo sol, esfarrapadas, correndo atrás das galinhas; um cão que ladra com toda a força dos pulmões, uma diligência que chega, branca de poeira, arrastada por uns cavalos lazarentos e tísicos. E pelo caminho, frescas aldeãs com cestos à cabeça, com bilhas de leite nos braços, fazendo meia e parando para dar os bons dias aos compadres.
[... ]
Perdão, a velha Caldas, a primitiva Caldas, aquela que não mudará provavelmente nunca, não passa de uma aldeia que não deve nada à civilização das elegantes vivendas que se lhe agrupam em torno.
[...]
A propósito, sucedeu-me uma dessas pequenas catátrofes que fazem as delícias dos narradores de anedotas.

Não devendo passar senão três dias nas Caldas, quis aproveitá-los para tomar um ou dois banhos sulfúricos.

Cheguei pois muito cedo ao estabelecimento. Parece que era a hora propícia, segundo se depreendia da afluência dos banhistas e do facto de não haver uma única tina disponível, conforme julguei perceber ao empregado que me falava numa linguagem inintelígivel. Cansada de esperar, pedi a uma das mulheres encarregadas do serviço dos banhos, que me conduzisse à piscina. Ela obedeceu de má catadura, tentando primeiro dissuadir-me por meio de uma pantomina expressiva. Foi só então que reparei para o tapete de areia ondulante depositado no fundo da tina. Tomei o banho na companhia de duas ou três mulheres que não me pareceram modelos de distinção e graça. Mas não se deve ser demasiado exigente, e de resto nem só a beleza constitui título de recomendação.

Começava a experimentar o encanto de uma temperatura doce e igual e calculava mentalmente o bem que deveriam fazer estes banhos, mesmo tomados em pequena quantidade, quando ouvi de repente uma voz áspera dizer. «Vamos, vamos, é preciso sair, são horas da sopa!»

Imediatamente as boas velhas precipitaram-se para a escada em vez de voltarem altivamente as costas, como eu esperava. Horresco referens!. Eram doentes do hospital, o banho era gratuito e eu tinha confraternizado com as pobrezinhas, que tornei a ver descalças, quando fiz a minha primeira visita oficial da tarde, e que me olharam familiarmente... Imagine-se a extensão do meu infortúnio!..." [Páginas 438 a 442]

[Portugal de Relance. Maria Rattazzi. Actualização do texto, introdução e notas de José M. Justo. Título original: Portugal à vol d'Oiseaux. Antígona. 1997. ISBN 972-608-090-8. Originalmente publicado em 1879, em Paris.]

PRINCESA RATTAZZI
ALBUM DAS GLORIAS - ABRIL DE 1880
RAFAEL BORDALO PINHEIRO

segunda-feira, 3 de março de 2008

Cabana de Livros (ou para ler)

"Cabana de Livros

Dantes morava numa casa como toda a gente, contou-me ele com a sua voz maliciosa. Mas perdia demasiado tempo a ir à biblioteca ou à livraria fazer as minhas aquisições. Um belo dia, decidi virar uma página e viver rodeado dos meus livros. Eu era ainda jovem, e a minha cabana não tinha tecto. Era muito desagradável. As capas dos livros empenavam, as palavras apagavam-se, as palavras desapareciam. Depois, com o passar dos anos, as minhas obras acumularam-se e a minha cabana ganhou amplitude: tem agora vários andares e totaliza setenta e sete divisões. A que eu mais gosto? Aquela onde leio versos nos dias de inverno à luz de uma vela, quadras nas madrugadas, octossílabos à segunda e sonetos nos anos bissextos."[Pág. 14]

[Sementes de Cabanas. Philipe Lechermeier e Éric Puybaret. Kalandraka. ISBN 978-972-8781-68-2]

259.ª Página Caldense

MAIA
PASTICHES DE MICHELANGELO

[Pastiches de Michelangelo. Pintura, Cartoons. António Calado da Maia. 14 de Novembro a 8 de Dezembro de 1996. Osíris Galeria Municipal. Caldas da Rainha. Desdobrável.]

domingo, 2 de março de 2008

258.ª Página Caldense

O ZÉ POVINHO E OUTRAS CARICATURAS
RUI PIMENTEL

[O Zé Povinho e outras Caricaturas. Rui Pimentel. Câmara Municipal de Lisboa, Pelouro da Cultura, Departamento de Bibliotecas e Arquivos, Biblioteca-Museu República e Resistência. Tiragem>: 1000 exemplares. Sem data.
ISBN 972-8695-23-3]

257.ª Página Caldense

CLUB DE RECREIO - CALDAS DA RAINHA
SÁBADO, 23 DE AGOSTO DE 1941
HORA DE VARIEDADES

sábado, 1 de março de 2008

O Gato da Rosário


"Sete anos me aguardam de incertezas. O gato gordo,
sobre o muro, é apenas uma figura transitória. Tu vais
ficando, um livro abandonado no melhor
do enredo, aberto para sempre sobre a cama. Eu

sento-me à janela onde houve uma vez uma figueira.
E fico. Aguardo provavelmente a tua voz no silêncio
demorado dos quartos ao entardecer. E também adomeço,
se não for a memória do ruído ensurdecedor dos
espelhos, rebentando pela casa em mil pequenos cacos
incertos. Sete anos

para reler uma história demasiado conhecida ou
folhear um livro branco até ao fim. O gato já
desapareceu. Digo que escolhe, como tu, outra
cama para desafiar a lua. Eu não, eu eu fico."

Maria do Rosário Pedreira

[A Casa e o Cheiro dos Livros. Maria do Rosário Pedreira. Gótica. Colecção Poesia. 1.ª edição 1996.
Prémio Poème e prémio Maria Amália Vaz de Carvalho. ISBN 972-792-044-6]]