O dia foram estas horas intermináveis dos tratamentos e dos arrefecimentos depois deles na sala, a ouvir a história doméstica de metade de Portugal (a outra metade já ouvi o mês passado em Monte Real). É espantosa a tendência do português para a promiscuidade! Chega a umas termas, senta-se, volta-se para o vizinho da direita e, sem dizer água vai, conta-lhe a vida. Hoje escutei tais coisas a uma viúva asmática, que me esqueci da garganta, da pneumonia possível, de tudo, e saí desvairado para a rua a encher os ouvidos e a alma da intimidade do silêncio."
"Caldas da Rainha, 15 de Setembro de 1939
As Fusées de Baudelaire. Decididamente, não pertenço a semelhante raça. Aquilo, de resto, não é nada, a não ser o fígado a dar sinais de si. Ao pé de um Tolstoi, de um Morgan, de um Rilke, coisas assim parecem realmente vómitos biliosos."
[Coimbra, 1995. 2 Volumes. Edição cartonada. Execução Gráfica G.C. - Gráfica de Coimbra.]
Esta página caldense é especialmente dedicada aos meus visitantes/leitores da região de Aveiro.
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Comentários:
J. Serra disse...
Magnífica descoberta essa, a de um Torga a banhos nas Caldas em 1939. Merece um Café Literário (reconstituir o ano termal nas Caldas, lembrar Torga, reler os seus poemas). Vamos a isso?
5 de Junho de 2007 0:49
Isabel Castanheira disse...
Fico muito satisfeita por te dar a conhecer um facto caldense até então desconhecido para ti.É uma boa ideia; Vamos trabalhá-la. Cafés, recordações, poesia e Torga, que falta? Isabel
6 de Junho de 2007 10:10
2 comentários:
Magnífica descoberta essa, a de um Torga a banhos nas Caldas em 1939. Merece um Café Literário (reconstituir o ano termal nas Caldas, lembrar Torga, reler os seus poemas). Vamos a isso?
Fico muito satisfeita por te dar a conhecer um facto caldense até então desconhecido para ti.
É uma boa ideia. Vamos trabalhar a ideia. Cafés, recordações, poesia e Torga, que falta?
Isabel
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