Jorge Estrela
“Os seis meses de ocupação francesa na região entre as linhas de Torres e Coimbra vitimaram quase todas as cidades, vilas e aldeias duma forma igualitária, ou seja, deixando por todo o lado o mesmo estigma de horror e destruição. Elegermos aqui umas e não outras não faz, portanto, muito sentido. As Caldas da Rainha porque, logo no início, ainda num período de relativa acalmia, surgiram os sintomas que se agravariam com o tempo. Muitos franceses estavam então em tratamento no hospital das Caldas e um desacato sem importância maior, envolvendo populares e soldados, foi empolado de modo a originar da parte do ocupante aquilo que se entendeu ser um castigo exemplar. Assim, foram presos dez indivíduos, por ordem do General Thomiers que, após um julgamento expedito, os condenou ao fuzilamento. Deste grupo salvou-se um cirurgião, de um regimento do Porto que estava nas Caldas, e os outros foram mortos em 9 de Fevereiro de 1808 na presença das autoridades portuguesas e de grande parte da população. De certo modo, foi o prenúncio da saga de terror que se iria seguir.” [Página 75]
[Leiria no Tempo das Invasões Francesas. Jorge Estrela. Gradiva Publicações. 1ª. Edição, Março de 2009. ISBN 978-989-616-303-7]
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