A Inglaterra de Sempre
FALARAM PORTUGUESES
Páginas Escolhidas de Autores Portugueses
O eco das suas vozes repercutiu o juízo da História, a eloquência da poesia e da tribuna, o sentimento da literatura, a opinião da Imprensa.
Faltava a expressão da arte. Pedimos o seu concurso à caricatura.
A caricatura movimenta duas forças essenciais: a realidade e o símbolo. Não é abstracta. Não paira acima das misérias humanas vivendo no mundo do sonho. É objectiva, e na sua objectividade violenta, desce à terra, penetra-a profundamente. Da deformação faz uma força e estabelece harmonia nova. Quando exagera, acusa a insignificância ou a mesquinhez. Quando deforma, exprime com angústia a saudade do belo ideal. Assim nasce o símbolo.
É este o espírito das caricaturas de Bordalo.
O seu desenho implacável, não serve para exaltar a beleza ideal duma pátria grande e livre. As suas caricaturas exprimem o horror da deformação de uma pátria que, sendo possuidora da mais bela das epopeias, se contorce e vegeta na condição de escrava duma nação de piratas e traficantes.
A visão de Bordalo é de todo insuspeita.
A sua formação intelectual não autoriza a supor que as suas simpatias ideológicas pudessem inclinar-se para a doutrina das Potências que lutam contra o liberalismo plutocrático e maçónico.
Bordalo era um grande artista. Como artista tinha sentimento.
Bordalo era verdadeiramete português, e como português não podia ignorar quem era e tem sido sempre o maior inimigo de Portugal."
[A Inglaterra de Sempre. Falaram Portugueses. Páginas Escolhidas de Autores Portugueses. 5ª. Série. Sem indicação de data e de responsavel pela edição.]
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