Cavacos das Caldas
CAVACOS DAS CALDAS II

DICIONÁRIO GRÁFICO BORDALIANO

alguns livros, cerâmicas, belos gatos e algo mais...



sábado, 9 de fevereiro de 2008

235.ª Página Caldense

DIGRESSÕES GASTRONÓMICAS NO PAÍS DAS UVAS
ADOLFO COELHO

[...] Em torno das Caldas da Rainha, célebre de longa data pelas suas águas sulfurosas, encontra-se a opulenta Várzea da Rainha, onde se colhem pêssegos, peras, figos, nêsperas e ameixas de admirável frescura e sabor.

Se por lá passardes a um domingo, deveis visitar o seu pitoresco mercado ao ar livre, que vos oferecerá o mais completo estendal de vitualhas, evocador daqueles tempos de outrora em que a cozinha portuguesa asombrava os estrangeiros. Aí vereis, com aquela tão apetitosa frescura dos produtos trazidos directamente da fazenda pelos cultivadores: montes de batatas túrgidas e tão limpas que mal parece que se geraram no seio da terra, cebolas volumosas e odoríferas, hortaliças verdejantes a ressumar frescura, cabazes de pêssegos vermelhos e penugentos, ou amarelos e glabos, que por isso são chamados carecas, ameixas rubras, raiadas ou nacarinas, peras sumarentas e esplenderosas, ovos, galinhas, coelhos, patos grasnadores, e perus, sem esquecer os casais de pombos que a vendedora encosta ao seio num gesto amoroso, mais parecendo que faz votos para que não surja comprador. E nos açafates, com a sua lava toalha bordada, o saboroso pão saloio, a broa de milho e os bolos de festa, aromatizados a erva doce.

E, na praça do peixe ....

Mas não podeis seguir viagem sem terdes tomado contacto com os doces da terra, famosos em todo o país, cavacas esponjosas e macias com a sua capa de acuçar, e esse prodígio que são as troiuxas de ovos. E procurai, para as acompanhar, um certo vinho branco, alegrete, espirituoso e aromático, que tem fama no termo. [Página 51 e 52]

[Digressões Gastronómicas no País das Uvas. Adolfo Coelho. Chaves Ferreira Publicações. Dezembro de 2000. Conjunto de textos originalmente publicados na Informação Vinícola, publicação editada pela Junta Nacional do Vinho, entre 24 de Dezembro de 1938 e 6 de Maio de 1939.]

1 comentário:

Luis Eme disse...

Bonito hino a um Oeste em extinção...