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"O Sr. Guilherme de Azevedo teve a rara generosidade de, afim de soccorrer os operariso sem trabalho, nos enviar, por intermedio da redação do Commercio do Porto, a quantia de 20$000 reis, retirados da importancia d'uma quête feita em paris e Londres a favor das familias, agora já remediadas, dosnpescadores da Povoa, quantia que vamos destribuir pelos operarios das Caldas.
Agradecendo do fundo d'alma, a levantada acção do sr. Guilherme de Azevedo, aproveitamos este momento para aui signalar a nossa opinião acerca do modo, ultimamente tão discutido, de distribuir soccorros a pessoas pobres e desarrumadas.
Somos contra a distribuição de donativos uma vez que a verba destinada para estes attinja numa certa grandeza.
Um donativo de dez, quinze ou vinte mil reis pode temporariamente remediar a situação de quem o recebe mas só temporariamente. O futuro continua sem garantia, completamente sujeito a contingencias, a acasos. Depois - e é este o supremo mal dos donativos pecuniarios - enquanto o dinheiro dura, amollece-se a actividade do operario que, momentaneamente amparado por uma ephemera fortuna, deixa de trabalhar e de procurar trabalho, ficando asim enterrado, passados dias, na mesma miseria.
Com as quantias subscriptas pela caridade nacional, promovam-se trabalhos e distribua-se trabalho em vez de se distribuir dinheiro.
Quando são as classes agora em mais afflictivas circumstancias: os typographos, os oleiros, os marceneiros? Mandem reimprimir obras raras da nossa litteratura, encommendem peças de ceramica, encommendem peças de mobiliario.
Assim de accudiria á pobreza d'esses operários, cujo trabalho poderia ser vantajosamente aproveitado e cuja actividade por esta forma se robusteceria, longe de enfranquecer."
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