JOSÉ SARAMAGO
"De Alenquer às Caldas da Rainha veio o viajante sem parar. Tirando a Ota, o Cercal e Sancheira Grande, a estrada fugiu a tudo quanto é lugar habitado, estrada bicho do mato, de poucas palavras. Pagou-lhe bem o viajante: veio a pensar todo o caminho em frei António das Chagas e em Damião de Góis, que era uma maneira tão boa como outra qualquer de pensar em Portugal.
De manhã, nas Caldas, vai-se ao mercado. O viajante foi, mas não fez compras. O mercado das Caldas é para atavios domésticos, não tem mais pitoresco do que isso. Em grande engano caem os turistas que indo de passagem vêem o magote de vendedores e de compradores, tão ao natural, e irrompem excitadissimos, enristando máquinas fotográficas, à procura do ângulo raro e do raro espécime que lhe enriquecerá a colecção. Em geral, o turista fica frustrado. Para ver comprar e vender não precisava de ir tão longe.
Onde se está bem é no jardim." [...] [Pág. 164]
[Editorial Caminho. Edição encadernada a vermelho com sobrecapa a cores. 2.ª Edição da Editorial Caminho, Novembro de 1985]
1 comentário:
Saramago - temos que ser atrevidos mesmo com um Nobel....Comecei a lêr este livro da viagem por Portugal, mas desisti porque o homenzinho diz mal de tudo do norte ao sul e nas Caldas tb deixou a sua critica....parece que nao gosta de Portugal...deveria de deixar de escrever em portugues...é uma sugestao minha...face as suas polemicas intervencoes muitas vezes infelizes.. vitor pires
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