Cavacos das Caldas
CAVACOS DAS CALDAS II

DICIONÁRIO GRÁFICO BORDALIANO

alguns livros, cerâmicas, belos gatos e algo mais...



domingo, 5 de agosto de 2007

111.ª Página Caldense

EXERCÍCIOS DE ESTILO
LUIS PACHECO

"Dizem os sábios: ao contrário de muitas terras do País, cuja origem se perde nas névoas do passado, pode-se marcar uma data que corresponde à da fundação e origem das Caldas da Rainha, como povoado, se bem que nos seus arredores se encontrem vestígios dos povos primitivos, que deixaram a sua memória na toponímia local, já em monumentos arqueológicos - como restos paleolíticos encontrados próximo da cidade (Santo Isidoro). Mas que temos agora (Janeiro de 1968 - Maio de 1971, em plena guerra em três frentes) com isso?

As águas das caldas da rainha - que fizeram da cidade a primeira estância termal do País - são fornecidas por cinco fontes: Pocinho da Copa, Piscina dos Homens, Piscina das mulheres, Piscina Escura e Arco. [...] Curam quase tudo, o melhor é não as cheirar.
[...]
Gosto assim assim de Caldas da Rainha. Que digo, cada vez gosto menos. A vilória que era umas termas reais transformou-se numa escola especializada de assassinos. Vêm de todos os lados, aqui se congregam em corporações selectas, adestradas. Faz jeito ao comércio local, estragam-me a paisagem. De tempos a tempos desfilam com garbo marcial pela Praça, aqui há dias foram 1200 , dão meia volta enfiam pelo lago e nunca mais ninguém os vê. Os cisnes saúdam-nos num grasnar de mau agoiro e ficam à espera dos seguintes.

Já não gosto nada das Caldas da Rainha. A próxima criancinha a desaparecer sou eu." [Pág. 165 a 178]

[Editorial Estampa. Colecção Ficções n.º 30. 3.ª Edição revista e aumentada. Outubro de 1998.ISBN 972-33-146-1]

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