RAFAEL BORDALO PINHEIRO
Oleiro e Barrista
(Ceramista)
“Rafael Bordalo Pinheiro era um temperamento plástico. Amoldava-se à forma, ao pensamento e ao ritmo. Manifestava-se largamente em superfície, em perspectiva e em volume. Foi desenhador, pintor, ceramista decorador e escultor barrista.
Fundamentalmente era poeta do traço ou imaginário da linha, que define e contorça, dando vida às coisas e às pessoas. Não o senhor estático e saudosamente contemplativo das formas. Mas o espírito em acção constante, para restituir vida ao que a perdeu, e dar vida ao que nunca a teve. O desenho, quando é desenho, e o anima um pensamento em acção e movimento, pode transformar-se em graça, no chiste, na hilaridade, na ironia, no sarcasmo, no “humorismo”, rir e fazer rir, sem deixar de ser desenho, sem deixar de ser arte, e sem deixar de ser caricatura. Creio mesmo que, para ser caricaturista, – ou humorista plástico, se o preferirem, – não é preciso abandonar o desenho, nem deformar até ao horror, por meio dele, a natureza, o altíssimo dom divino da graça natural.
Era o condão de Bordalo: sem criar o horror das formas naturais, dar-nos a graça ou a ironia dos homens, das atitudes, dos acontecimentos.”[...] [Pág. 43 a 48]
Fundamentalmente era poeta do traço ou imaginário da linha, que define e contorça, dando vida às coisas e às pessoas. Não o senhor estático e saudosamente contemplativo das formas. Mas o espírito em acção constante, para restituir vida ao que a perdeu, e dar vida ao que nunca a teve. O desenho, quando é desenho, e o anima um pensamento em acção e movimento, pode transformar-se em graça, no chiste, na hilaridade, na ironia, no sarcasmo, no “humorismo”, rir e fazer rir, sem deixar de ser desenho, sem deixar de ser arte, e sem deixar de ser caricatura. Creio mesmo que, para ser caricaturista, – ou humorista plástico, se o preferirem, – não é preciso abandonar o desenho, nem deformar até ao horror, por meio dele, a natureza, o altíssimo dom divino da graça natural.
Era o condão de Bordalo: sem criar o horror das formas naturais, dar-nos a graça ou a ironia dos homens, das atitudes, dos acontecimentos.”[...] [Pág. 43 a 48]
Luis Chaves
[Luís Chaves, Rafael Bordalo Pinheiro, Oleiro e Barrista, Ceramista, in: Estremadura, Boletim da Junta de Província, Série II, Número XI, Janeiro / Fevereiro / Março / Abril, 1946]
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