"A vila das Caldas da Rainha, já pelo seu passado histórico, já pelas constantes curas das suas águas termais, ocupa um lugar preponderante no nosso país.
Não venho aqui hoje falar dos lindos parques que embelezam a vila, como o da Copa, a Mata, nem da disposição artística do seu povo, centro de indústria cerâmica de primeira ordem, onde o nome do grande artista Rafael Bordalo Pinheiro ficará gravado para sempre, como uma glória nacional; venho sim falar dos seus arredores, pois a vila das Caldas é um centro de turismo especial que temos obrigação de salientar.
Próxima da capital, pois está a três horas de caminho de ferro, e situada em uma região verdejante, atravessada por diversas estradas que conduzem a sítios lindíssimos como a Foz do Arelho, bela praia onde se desfruta o pleno oceano, tendo junto as tranquilas águas da Lagoa de Óbidos; S. Martinho do Porto com a sua linda baía, cuja vilasinha situada na encosta de uma montanha, com as casas sempre brancas, formam uma tela encantado; ; Óbidos, vila curiosa, ostentando o histórico castelo; cada canto d'essa vila possui uma linguagem de mistério e cada pedra uma página gloriosa da nossa historia; Leiria, Alcobaça, Batalha, Rio Maior, e outras menos importantes como Fanadia, S. Gregório, Santa Catarina, Roliça, Columbeira, Avenal, Couto, Salir das Matas, Casal da Mata, Cabeça Alta, Gaeiras, Vidais, Alvorninha, Nadadouro, etc., não contando com outras povoações mais distantes.
Quando nos embrenhamos por essas azinhagas e atalhos, assombrados por frondosas árvores, quando respiramos o belo ar dos pinhais, quando ouvimos o cantar melancólico das fontes, as melopeias sentimentais das noras e dos moinhos, quando as campainhas do gado se misturam com as canções dos pastores nos vales floridos, é que podemos admirar toda esta região tão cheia de beleza, e cuja estética nos toca tão comoventemente no nosso coração.
Nos arredores das Caldas, os campos de vinha, quando banhados pela luz do sol, como acontece principalmente em setembro e em outubro, parecem permanecer durante as horas do dia, sob uma poeira dourada, e as ribeiras estendem-se como fitas de prata nas linhas mais caprichosas da natureza.
A todos aconselho a que percorram esta região; toda ela reúne um conjunto de quadros campestres tão cheios de viço e frescura, que a nossa alma vibra n'um crescendo de admiração, pois cada vila, aldeia ou casal é emoldurado por trechos de paisagem, completamente diferentes em contrates, mas todos eles incutindo no nosso sentir uma verdadeira sinfonia de cor e de luz."
[Ilustração Portuguesa, II Série, N.º 452, 19 de Outubro de 1914. Páginas 485 a 487. Autor: Alfredo Pinto (Sacavém)]
[Ilustração Portuguesa, II Série, N.º 452, 19 de Outubro de 1914. Páginas 485 a 487. Autor: Alfredo Pinto (Sacavém)]
Comentários:
Luis Eme disse...
Gostei particularmente do Salir das Matas...
13 de Julho de 2007 1:39
Gostei particularmente do Salir das Matas...
13 de Julho de 2007 1:39
1 comentário:
Enviar um comentário