A Estremadura
Introdução, selecção e notas: Urbano Tavares Rodrigues
“A Fábrica das Caldas da Rainha
Uma grande parte dos principais tipos do nosso incomparável vasilhame português, convertida em artigos de luxo pela delicada aplicação de um acessório ornamental: o alcatruz das nossas noras mouriscas; o moringue, que importámos da Índia e da América; o jarro chinês, imitado da taça Tsio e da taça «dos grandes letrados» que os nossos viajantes da China trouxeram pela primeira vez à Europa; várias bilhas populares, em que se conservam com admirável pureza as formas gregas e romanas da «cratera», do «bombylio», da «ambula» e do «cantharo» consagrado a Baco; muitas das formas que herdámos dos árabes, como a «almotolia», a «alcanzia», o «alguidar», a «bátega», a «aljofaina»; os vasos figurativos, imitação dos que fomos os primeiros a ver, no Peru e no México; os vários recipientes de origem propriamente popular, como os funis, os pichéis, as púcaras, as quartinhas, as ancoretas, os cantis e os tarros. Inúmeros motivos decorativos, uns tradicionais, outros inteiramente novos, tirados da fauna e da flora desta zona da Estremadura: flores e folhas de cardo, de pimentos, de girassóis, de hera, de vinha, de oliveira, de papoila, de carvalho, de feijoeiro; algas, pimentos, conchas, musgos, asas de grilos, cabeças de camarões, caranguejos, tartarugas, ruivos, mexilhões, enguias, rãs, lagostins; grupos de frutas, de peixes, de parrecos e de pintassilgos; revoadas de pombos e de andorinhas, ondulações de lagartos, lampejos doirados de escaravelhos e de abelhas; estilizações ou simples atitudes de carneiros, de bácaros, de burros, de touros, de gatos borralheiros e de gatos bravos; variadíssimas aplicações ornamentais de ferramentas ou de utensílios domésticos, gigas vindimas, cabazes, alforges, seirões, borrachas, esteiras, abanos, tamancos, odres, redes, bóias, cordames e linhas de pesca.” […]
(Da monografia “A Fábrica das Caldas da Rainha”)
Pág. 50/51
Uma grande parte dos principais tipos do nosso incomparável vasilhame português, convertida em artigos de luxo pela delicada aplicação de um acessório ornamental: o alcatruz das nossas noras mouriscas; o moringue, que importámos da Índia e da América; o jarro chinês, imitado da taça Tsio e da taça «dos grandes letrados» que os nossos viajantes da China trouxeram pela primeira vez à Europa; várias bilhas populares, em que se conservam com admirável pureza as formas gregas e romanas da «cratera», do «bombylio», da «ambula» e do «cantharo» consagrado a Baco; muitas das formas que herdámos dos árabes, como a «almotolia», a «alcanzia», o «alguidar», a «bátega», a «aljofaina»; os vasos figurativos, imitação dos que fomos os primeiros a ver, no Peru e no México; os vários recipientes de origem propriamente popular, como os funis, os pichéis, as púcaras, as quartinhas, as ancoretas, os cantis e os tarros. Inúmeros motivos decorativos, uns tradicionais, outros inteiramente novos, tirados da fauna e da flora desta zona da Estremadura: flores e folhas de cardo, de pimentos, de girassóis, de hera, de vinha, de oliveira, de papoila, de carvalho, de feijoeiro; algas, pimentos, conchas, musgos, asas de grilos, cabeças de camarões, caranguejos, tartarugas, ruivos, mexilhões, enguias, rãs, lagostins; grupos de frutas, de peixes, de parrecos e de pintassilgos; revoadas de pombos e de andorinhas, ondulações de lagartos, lampejos doirados de escaravelhos e de abelhas; estilizações ou simples atitudes de carneiros, de bácaros, de burros, de touros, de gatos borralheiros e de gatos bravos; variadíssimas aplicações ornamentais de ferramentas ou de utensílios domésticos, gigas vindimas, cabazes, alforges, seirões, borrachas, esteiras, abanos, tamancos, odres, redes, bóias, cordames e linhas de pesca.” […]
(Da monografia “A Fábrica das Caldas da Rainha”)
Pág. 50/51
[Antologia da Terra Portuguesa. A Estremadura. Introdução Selecção e Notas de Urbano Tavares Rodrigues. Livraria Bertrand, Lisboa.s/d.]
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