Nestes últimos tempos a actividade tem sido contínua.
Em Outubro apresentámos “A Praça da Fruta” de Carlos Querido, autor caldense.
Iniciámos Novembro colaborando com a Associação Património Histórico, na apresentação de “Caldas da Rainha no Tempo da II Guerra Mundial” de Mário Tavares, outro autor da terra.
Na semana seguinte, calcorreámos a cidade na companhia de Bordalo Pinheiro.
Uns dias depois recebemos a visita de António Lobo Antunes, um autor que consideramos como nosso.
Entretanto um gato de cara pasmada entrou na livraria e por aqui andou a fazer estragos. Desceu, subiu, desceu, subiu pela coluna preta e finalmente parou a olhar para os livros expostos sobre a mesa.
Ainda estou para saber o que é que ele escolheu para ler. Ou ainda não se decidiu?
Dezembro começou da melhor maneira; com a visita de Ricardo Araújo Pereira.
Apresentei-o, dizendo:
“Muito boa noite e muito obrigada pela vossa presença neste Café Literário, promovido pela Loja 107.
Se me permitem, começo por agradecer à Direcção do Centro Cultural e de Congressos o incondicional apoio sempre dado à realização destes encontros que têm por objectivo a partilha de leituras com a cidade.
À editora Tinta da China, o meu reconhecimento por ter acedido a trazer às Caldas da Rainha mais um dos seus autores.
Bárbara Bulhosa, muito obrigada.
O nosso autor convidado desta noite dispensa qualquer apresentação.
Todos nós o conhecemos dos diversos programas televisivos onde, em parceria com os seus companheiros de trabalho, faz a dissecação impiedosa da nossa sociedade, desmontando com ironia os tiques e os clichés de um mundo ôco que vive e se alimenta de frases feitas e do espectáculo permanente.
É talvez menos popular a sua actividade de cronista semanal.
Quanto a mim, confesso que às quintas-feiras – dia de saída da revista “Visão” – contrariando o cânone recomendado pelo mais básico bom senso, ao começar a folheá-la, faço-o sempre pela última página.
E porquê? Porque é aí que encontro a “Boca do Inferno”, assinada por Ricardo Araújo Pereira.
A crítica feita pelo riso e a análise social mediada pelo humor, são das mais difíceis formas de comunicação: para resultar, têm que ser feitas com fina inteligência, de ridicularizar sem ofender, de dar ênfase a atitudes imperceptíveis, de brincar com situações inesperadas.
Fazer rir é, quanto a mim, a mais difícil das artes, e, no que respeita a esta opinião, sei que estou em muito boa companhia.
Nas suas crónicas, Ricardo Araújo Pereira consegue ser impiedoso na leitura dos factos sociais e, ao mesmo tempo, implacável nas soluções que equaciona.
Vejamos, por exemplo, quando escreve o seguinte:
“Parece clara a razão pela qual não existe pena de morte em Portugal não tem que ver com pruridos morais, mas com problemas jurídicos. No nosso país, crimes graves podem ser punidos com pena suspensa. Seria uma questão de tempo até um tribunal português decretar uma sentença de condenação à morte por injecção letal suspensa. Nós não abolimos a pena de morte por amor à dignidade do ser humano. Foi por medo do ridículo.”
Com toda a propriedade podemos considerar esta análise mordaz da justiça em Portugal, verdadeiramente mortífera.
Aqueles que me conhecem sabem que tenho uma admiração incomensurável pela obra de um dos nossos grandes caricaturistas sociais: Rafael Bordalo Pinheiro.
Assim, a maior homenagem que posso prestar ao meu convidado de hoje, é dedicar-lhe uma definição de humor com origem na pena de Bordalo Pinheiro.
Aqui vai:
“Humor é o mesmo que pregar um prego no estuque novo de uma casa, com protesto de senhorio.”
Ricardo Araújo Pereira é um mestre a pregar pregos e queremos garantir-lhe que, sempre que quiser, havemos de arranjar muitos estuques para pôr à sua disposição.
Muito obrigada”.
Serões inesquecíveis passados na melhor das companhias. Entre amigos.
Em Outubro apresentámos “A Praça da Fruta” de Carlos Querido, autor caldense.
Iniciámos Novembro colaborando com a Associação Património Histórico, na apresentação de “Caldas da Rainha no Tempo da II Guerra Mundial” de Mário Tavares, outro autor da terra.
Na semana seguinte, calcorreámos a cidade na companhia de Bordalo Pinheiro.
Uns dias depois recebemos a visita de António Lobo Antunes, um autor que consideramos como nosso.
Entretanto um gato de cara pasmada entrou na livraria e por aqui andou a fazer estragos. Desceu, subiu, desceu, subiu pela coluna preta e finalmente parou a olhar para os livros expostos sobre a mesa.
Ainda estou para saber o que é que ele escolheu para ler. Ou ainda não se decidiu?
Dezembro começou da melhor maneira; com a visita de Ricardo Araújo Pereira.
Apresentei-o, dizendo:
“Muito boa noite e muito obrigada pela vossa presença neste Café Literário, promovido pela Loja 107.
Se me permitem, começo por agradecer à Direcção do Centro Cultural e de Congressos o incondicional apoio sempre dado à realização destes encontros que têm por objectivo a partilha de leituras com a cidade.
À editora Tinta da China, o meu reconhecimento por ter acedido a trazer às Caldas da Rainha mais um dos seus autores.
Bárbara Bulhosa, muito obrigada.
O nosso autor convidado desta noite dispensa qualquer apresentação.
Todos nós o conhecemos dos diversos programas televisivos onde, em parceria com os seus companheiros de trabalho, faz a dissecação impiedosa da nossa sociedade, desmontando com ironia os tiques e os clichés de um mundo ôco que vive e se alimenta de frases feitas e do espectáculo permanente.
É talvez menos popular a sua actividade de cronista semanal.
Quanto a mim, confesso que às quintas-feiras – dia de saída da revista “Visão” – contrariando o cânone recomendado pelo mais básico bom senso, ao começar a folheá-la, faço-o sempre pela última página.
E porquê? Porque é aí que encontro a “Boca do Inferno”, assinada por Ricardo Araújo Pereira.
A crítica feita pelo riso e a análise social mediada pelo humor, são das mais difíceis formas de comunicação: para resultar, têm que ser feitas com fina inteligência, de ridicularizar sem ofender, de dar ênfase a atitudes imperceptíveis, de brincar com situações inesperadas.
Fazer rir é, quanto a mim, a mais difícil das artes, e, no que respeita a esta opinião, sei que estou em muito boa companhia.
Nas suas crónicas, Ricardo Araújo Pereira consegue ser impiedoso na leitura dos factos sociais e, ao mesmo tempo, implacável nas soluções que equaciona.
Vejamos, por exemplo, quando escreve o seguinte:
“Parece clara a razão pela qual não existe pena de morte em Portugal não tem que ver com pruridos morais, mas com problemas jurídicos. No nosso país, crimes graves podem ser punidos com pena suspensa. Seria uma questão de tempo até um tribunal português decretar uma sentença de condenação à morte por injecção letal suspensa. Nós não abolimos a pena de morte por amor à dignidade do ser humano. Foi por medo do ridículo.”
Com toda a propriedade podemos considerar esta análise mordaz da justiça em Portugal, verdadeiramente mortífera.
Aqueles que me conhecem sabem que tenho uma admiração incomensurável pela obra de um dos nossos grandes caricaturistas sociais: Rafael Bordalo Pinheiro.
Assim, a maior homenagem que posso prestar ao meu convidado de hoje, é dedicar-lhe uma definição de humor com origem na pena de Bordalo Pinheiro.
Aqui vai:
“Humor é o mesmo que pregar um prego no estuque novo de uma casa, com protesto de senhorio.”
Ricardo Araújo Pereira é um mestre a pregar pregos e queremos garantir-lhe que, sempre que quiser, havemos de arranjar muitos estuques para pôr à sua disposição.
Muito obrigada”.
Serões inesquecíveis passados na melhor das companhias. Entre amigos.
1 comentário:
Excelentes, tertúlias, fui testemunha e pode assistir à apresentação destes belíssimos convidados...
Já estão muito bem adjectivadaos, pela Isabel, a mim cabe-me agradecer-lhe o trazer à cidade esta partilha de leituras...
Obrigada
bjs
Espero que continue...
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