Gazeta das Caldas, Ano VII - nº. 307 - 27 de Dezembro de 1931, Página 5 Continuação - Página 8
Cerâmica Caldense
A Faiança das Caldas e a espontaneidade de Rafael Bordalo
Cerâmica Caldense
A Faiança das Caldas e a espontaneidade de Rafael Bordalo
[...]"Como surgiu repentinamente Rafael Bordalo, oleiro e faiancista?
Segundo as informações orais que consegui obter e os resultados das investigações que fiz nesse sentido, julgo poder afirmar que a ideia da criação de uma fábrica de faianças nas Caldas da Rainha, sob a direcção de Rafael Bordalo, foi devido a seu irmão Feliciano, que, veraneando nas Caldas, teve ocasião de ver e apreciar a curiosissima industria que tanto agradara ao veraneante e que alguma conseguira já criar no estrangeiro.
A faiança das Caldas interessou certamente Feliciano Bordalo Pinheiro, sobretudo sob o aspecto Industrial, como se pode deduzir do seu temperamento, essencialmente prático. E, como homem prático, anteviu que aquela caracteristica faiança, que se arrastára na reprodução monótona de repetidissimos e estafados modêlos, quer nacionais, quer estrangeiros, já não satisfazia por completo as exigencias do mercado de então, mesmo como arte puramente popular.
Nas visitas às fábricas no contacto constante com o fabricante e com o pequeno industrial, surgiu-lhe, enfim, a ideia da fundação de uma fábrica que aperfeiçoasse a indústria cerâmica portuguesa, elevando-a a um grau de perfeição e beleza que estava longe de possuir.
Ao estudarmos as faianças de Rafael Bordalo, reconhecemos como bem notou o Prof. Sousa Pinto, que «Bordalo na cerâmica, como na caricatura, foi a espontaneidade feita da arte»."[...]
Julieta Ferrão
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