ARTE – FEVEREIRO DE 1905 – 1.º ANO – NR. 2
“Todos os dias, quase que cada instante, ora de serrote, ora de chofre, sem nunca se cansar, vai a morte empurrando para o túmulo, e parece que de preferência aos maus e aos inúteis, aqueles que privilegiados pela natureza, concentram em si toda a vida física de uma sociedade ou de uma época.
Se ao menos para atenuar a dor que a sua perda nos causa, ficassem ou viessem outros para continuar a sua obra de paz e de amor, de bem e de luz, de beleza e de harmonia; se com o desaparecimento de tais vultos não se rarefizesse na alma de um povo a sua atmosfera intelectual e vitalizante, ainda uma consolação nos restava.
Mas, quem como Antero, o poeta filósofo, comporá agora tão dolentes sonetos?
Quem como João de Deus, esse eterno amiguinho das crianças, nos dará versos mais líricos?
Virá um moderno Camilo com a mesma fecundidade e a mesma pureza de linguagem?
Difícil será brilhar novamente no Olimpo das letras um génio como o autor do Mandarim.
Da cátedra de lente não preleccionará com mais eloquência nem com mais autoridade um vindouro Sousa Martins.
E o necrológio não finda aqui.
As dores de alma que de continuo nos acabrunham o espírito, as saudades que perenemente nos enublam o coração, mais uma dessas mágoas e mais uma outra dessas delícias que doem, nos surpreenderam agora com o passamento do admirável e extraordinário artista – Rafael Bordalo Pinheiro”.
Se ao menos para atenuar a dor que a sua perda nos causa, ficassem ou viessem outros para continuar a sua obra de paz e de amor, de bem e de luz, de beleza e de harmonia; se com o desaparecimento de tais vultos não se rarefizesse na alma de um povo a sua atmosfera intelectual e vitalizante, ainda uma consolação nos restava.
Mas, quem como Antero, o poeta filósofo, comporá agora tão dolentes sonetos?
Quem como João de Deus, esse eterno amiguinho das crianças, nos dará versos mais líricos?
Virá um moderno Camilo com a mesma fecundidade e a mesma pureza de linguagem?
Difícil será brilhar novamente no Olimpo das letras um génio como o autor do Mandarim.
Da cátedra de lente não preleccionará com mais eloquência nem com mais autoridade um vindouro Sousa Martins.
E o necrológio não finda aqui.
As dores de alma que de continuo nos acabrunham o espírito, as saudades que perenemente nos enublam o coração, mais uma dessas mágoas e mais uma outra dessas delícias que doem, nos surpreenderam agora com o passamento do admirável e extraordinário artista – Rafael Bordalo Pinheiro”.
O meu agradecimento ao Victor Pires pela partilha desta bibliografia bordaliana
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