Rafael Bordalo Pinheiro
O António Maria, 10 de Janeiro de 1885
«O pobre do povo
A quem o destino,
O fado mofino
Trabalhos não poupa,
Em volta da nora,
De lombo albardado,
Gemia, coitado,
Co'o peso ... da roupa...
Mas Fontes ao vê-lo
Comove-se um dia,
E o triste alivia
Tirando-lhe a niza;
Mais tarde, os calções,
A cinta, o colete,
Sapatos, barrete
E, em suma, a camisa!
P'la causa do povo,
Que ao burro comparo,
Não há como o Caro
Que mais se desvele;
E é justo que o povo
Que ao Fontes exalta
Lhe entregue o que falta
Mandando-lhe a pele...»
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