Cavacos das Caldas
CAVACOS DAS CALDAS II

DICIONÁRIO GRÁFICO BORDALIANO

alguns livros, cerâmicas, belos gatos e algo mais...



sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Leituras - Almada Negreiros

O LIVRO

"Entrei numa livraria.Puz-me a contar os livros que ha para ler e os anos que terei de vida. Não chegam, não duro nem para metade da livraria.

Deve certamente haver outras maneiras de se salvar uma pessoa, senão estou perdido.

No entanto, as pessoas que entravam na livraria estavam todas muito bem vestidas de quem precisa salvar-se.

***

Comprei um livro de filosofia. Filosofia é a sciencia que trata da vida; era justamente do que eu precisava - pôr sciencia na minha vida.

Li o livro de filosofia, não ganhei nada, Mãe! não ganhei nada.

Disseram-me que era necessário estar já iniciado, ora eu só tenho uma iniciação, é esta de ter sido posto neste mundo á imagem e semelhança de Deus. Não basta?

***

Imaginava eu que havia tratados da vida das pessoas, coomo ha tratados da vida das plantas, com tudo tão bem explicado, assim parecidos com o tratamento que ha para os animais domesticos, não é? Como os cavalos tão bem feitos que ha!

Imaginava eu que havia um livro para as pessoas, como ha hostias para cuidar da febre. Um livro pequenino, com duas páginas, como uma hostia. Um livro que dissesse tudo, claro e depressa, como um cartaz, com a morada e o dia." [Página 11]

AS PALAVRAS

"O preço de uma pessôa vê-se na maneira como gosta de usar as palavras. Lê-se nos olhos das pessoas. As palavras dançam nos olhos das pessôas conforme o palco dos olhos de cada um."[Página 19]

[A Invenção do Dia Claro. Escripta de uma só maneira para todas as espécies de orgulho, seguida das démarches para a Invenção e acompanhada das confidencias mais intímas e geraes - Ensaios para a iniciação de portuguezes na revelação da pintura - com um retrato do autor por elle-proprio- primeiro milhar. Lisboa "Olisipo" Apartado 145. 1921. Almada. Edição fac-similada Assírio & Alvim. Maio de 2005. ISBN 972-37-0969-4.]

1 comentário:

Luis Eme disse...

as palavras, sempre as palavras...