domingo, 7 de setembro de 2008

Poema a dedicar ao Leitor 15.000

Mar de Setembro

Tudo era claro:
céu, lábios, areias.
O mar estava perto,
fremente de espumas.
Corpos ou ondas:
iam, vinham, iam,
dóceis, leves - só
ritmo e brancura.
Felizes, cantam;
serenos, dormem;
despertos, amam,
exaltam o silêncio.
Tudo era claro,
jovem, alado.
O mar estava perto.
Purissímo. Doirado.

Eugénio de Andrade

[Poesia.Eugénio de Andrade.Edição Fundação Eugénio de Andrade. 2000.ISBN 972-8465-33-5]

2 comentários:

  1. Ai Setembro!

    Das tardes calmas e noites frias

    Adivinhando a neves.

    Ai Setembro!

    Das uvas cheirando a mosto

    Dos frutos maduros pelo sol de Agosto.

    Ai Setembro!

    Dos ouriços que abrem

    Como vaginas,

    Mostrando os frutos do seu ventre

    Ai Setembro!

    Dos verdes que fogem

    No castanho das cores,

    No vermelho das parras

    Que duram pouco,

    Como os amores de verão.

    Ai Setembro!

    Das flores tardias

    Que espreitam o sol

    Nas tardes de Outono.

    Ai Setembro!

    No silêncio da luz

    Das noites estreladas.

    Ai Setembro!

    Do cheiro terra molhada

    Das folhas que caiem.

    Ai Setembro!

    Da solidão dos velhos

    Nos longos caminhos da vida,

    Na ferrugem dos orvalhos.

    Ai Setembro!

    Do Inverno que se anuncia

    Nas primeiras chuvadas,

    Das espigas douradas,

    E das desfolhadas

    Onde as raparigas

    Procuram, no milho rei,

    O beijo que eu não dei.

    Ai Setembro!





    João Norte

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  2. Para todos os leitores da Isabel...


    Para

    "Improviso

    Uma rosa depois da neve.
    Não sei que fazer
    de uma rosa no inverno.
    Se não for para arder
    ser rosa no inverno de que serve?"

    de Eugénio de Andrade

    "E a esperança, Poeta?

    O Poeta não sabe
    O que faz uma rosa no Inverno?
    - E a esperança, Poeta?
    Se tu não sabes...
    O que é que vamos fazer?
    A quem vamos exigir a resposta?

    Qualquer inverno será menos frio
    Menos cinzento
    Com uma só pétala que seja
    De qualquer rosa"

    Maria Belmira
    25/8/2000

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